Tendências do dia

O F-47 não será apenas o caça mais avançado dos EUA: sua insígnia revela qual país é o alvo

A estética do emblema funciona como uma janela simbólica para a missão e para a narrativa construída pela Força Aérea

Insígnia do F-47 / Imagem: USAF/RAMA WORLD, INC.
Sem comentários Facebook Twitter Flipboard E-mail
victor-bianchin

Victor Bianchin

Redator
victor-bianchin

Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

1238 publicaciones de Victor Bianchin

No mês de março passado, os EUA deram um sopro de vida à Boeing com o contrato dos contratos: o futuro F-47, candidato a substituir o F-22 e superá-lo em tudo para se tornar o novo braço armado da nação. Já se passaram vários meses desde então e, agora, vazou a insígnia que acompanhará o estandarte dos novos caças de combate estadunidenses.

Não há muitas dúvidas sobre o inimigo.

Um emblema em construção

O aparecimento nas redes de um patch com a inscrição “F-47 SMO” e a figura central de uma ave fênix reacendeu as especulações em torno do programa do sexto caça de geração estadunidense. A Força Aérea confirmou que o design foi elaborado dentro do Escritório de Gestão do Sistema F-47, embora ainda não tenha sido formalizado e se encontre em fase de desenvolvimento, ou seja, o design final pode sofrer alguma alteração.

O patch inclui vários elementos recorrentes da heráldica militar (deltas dourados, estrelas vermelhas, lemas em latim), mas também símbolos mais enigmáticos, como a silhueta da costa oriental chinesa, que sugerem a orientação estratégica do projeto para um eventual enfrentamento com Pequim no Pacífico. O lema “Superamus Perstamus Letamus” (“Vencemos, perseveramos, nos regozijamos”), herdado de iniciativas anteriores do programa NGAD, reforça a ideia de continuidade de um esforço que esteve perto de ser cancelado e que, como a ave mítica, parece renascer de suas cinzas.

Símbolo do programa

O tema de fênix, ou firebird, é especialmente significativo na trajetória do F-47. Antes de a administração Trump resgatá-lo, o NGAD esteve a ponto de ser sacrificado em favor de outras prioridades orçamentárias. Daí que a metáfora do renascimento ganhe força: um projeto imortal que, apesar das dúvidas políticas, ressurge com vigor renovado para se tornar o pilar da superioridade aérea estadunidense nas próximas décadas.

A referência à fênix também evoca a dualidade da firebird eslava, capaz de ser bênção ou maldição, o que reflete a enorme aposta tecnológica e financeira que o programa implica. Embora improvável como nome oficial, o apelido poderia se popularizar do mesmo modo que o A-10 é mundialmente conhecido como “Warthog” e não por sua denominação formal, Thunderbolt II.

F-47

Para além da fênix, o patch acumula símbolos de interpretação aberta. Os três deltas amarelos lembram os usados em insígnias anteriores do Escritório de Desenvolvimento Ágil, vinculado ao NGAD desde 2019, e poderiam aludir à competição entre Boeing, Lockheed Martin e Northrop Grumman, da qual a Boeing acabou saindo vencedora.

As seis estrelas vermelhas evocam o centro de testes ultrassecreto de Groom Lake, conhecido como Área 51, local onde foram testados protótipos do NGAD. Com menos dúvidas aparece aquela silhueta branca, com o perfil da costa chinesa, que se encaixa no papel atribuído ao F-47 como ponta de lança para penetrar os sistemas antiaéreos do EPL em um eventual conflito. A sigla “FBC”, sem explicação oficial, acrescenta mais um grau de mistério ao conjunto.

O número 47 presta homenagem tanto ao lendário P-47 Thunderbolt da Segunda Guerra Mundial quanto ao ano de fundação da Força Aérea, em 1947, além de coincidir com a numeração presidencial de Trump, decisivo no relançamento do programa.

A história da aviação militar estadunidense oferece precedentes em que os nomes não oficiais superaram os formais: o A-10, oficialmente Thunderbolt II, é conhecido universalmente como Warthog. Talvez por isso, no futuro, o F-47 possa manter a tradição Thunderbolt, liberada após a retirada dos A-10, ou adotar um apelido alternativo como Phoenix, embora essa denominação já esteja reservada a outro avião da Marinha.

Projeções e contexto

O F-47 será o núcleo da capacidade de projeção aérea dos Estados Unidos no horizonte de meados do século, concebido não apenas como avião de combate, mas como parte de um sistema de sistemas que incluirá drones acompanhantes e tecnologias emergentes.

A Boeing já trabalha nos primeiros exemplares, com um voo inaugural previsto para 2028, embora a entrada em serviço operacional ainda permaneça incerta. Sua missão essencial será perfurar as bolhas de negação de área (A2/AD) do adversário e assegurar a vantagem aérea em cenários de alta intensidade contra a China. A estética do patch, que como dissemos, ainda é provisória e pode sofrer alterações, funciona, portanto, como janela simbólica para a missão “nuclear” e para a narrativa que a Força Aérea quer construir em torno de seu projeto aéreo mais ambicioso desde o F-22.

Imagem | USAF/RAMA WORLD, INC.

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.


Inicio