Tendências do dia

Os jovens da elite tech do Vale do Silício abandonaram o álcool: sua nova “festa” é trabalhar 92 horas

Eles trocaram os drinques por jornadas de 92 horas e lazer focado em fazer suas startups os tornarem milionários

Elite tech não bebe álcool / Imagem: Nguyễn Hiệp
Sem comentários Facebook Twitter Flipboard E-mail
victor-bianchin

Victor Bianchin

Redator
victor-bianchin

Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

1238 publicaciones de Victor Bianchin

No Vale do Silício, a nova geração de jovens empreendedores deixou para trás as festas regadas a álcool. O exemplo que seguem é o dos grandes nomes do Vale do Silício, como Mark Zuckerberg, Elon Musk, Sam Altman e Bryan Johnson, que priorizam seus projetos empresariais acima de sua própria vida social.

O fenômeno não é isolado e cada vez mais jovens empreendedores compartilham a mesma mentalidade: “Por que ir a um bar se posso estar criando uma empresa?”, resume Emily Yuan, uma jovem fundadora do Vale do Silício, em entrevista ao The Wall Street Journal. Os dados não mentem: o consumo de álcool entre os jovens da geração Z está diminuindo e, no âmbito das incubadoras de startups do Vale do Silício, isso se tornou cada vez mais a norma do que a exceção.

Os novos hábitos do Vale do Silício

A rotina diária de quem busca o sucesso no Vale do Silício é marcada por jornadas de trabalho que ultrapassam o habitual. De acordo com o The Wall Street Journal, Marty Kausas, de 28 anos e fundador da startup Pylon, comentou em uma publicação no LinkedIn que passou várias semanas consecutivas trabalhando 92 horas por semana e que cancelou suas férias porque o estresse do trabalho o impedia de tirar alguns dias de descanso.

No entanto, em outra publicação, o jovem empreendedor descartou que em sua empresa se aplique uma “cultura 9-9-6” para os funcionários, em referência à nova tendência importada da Ásia, na qual se trabalha das nove da manhã às nove da noite, seis dias por semana.

A principal mudança de paradigma mostrada por esse grupo de jovens empreendedores tecnológicos é a forma como definem o que é diversão. No caso deles, e como detalharam tanto Marty Kausas quanto Emily Yuan, o que eles consideram divertido não é passar um tempo com amigos tomando algumas cervejas. “Nossa motivação para iniciar uma empresa foi a diversão e a aventura. Mas o que é divertido para nós é bastante diferente do que é divertido para os outros”.

Esse conceito, junto às mensagens contra o álcool que algumas figuras influentes do Vale do Silício têm transmitido — como Sam Altman, que se posicionou totalmente contra o consumo de álcool, ou Mark Zuckerberg, que, ao contrário de suas “vacas sagradas”, só bebe cerveja em ocasiões especiais e o suficiente para tirar uma foto — mostra que, de modo geral, para os “technobros” do Vale do Silício, álcool e festas já não fazem parte do conceito de diversão.

Sobriedade na era tech

A geração Z, de forma global, está reduzindo o consumo de álcool em todo o mundo. Os dados indicam que houve uma queda no consumo de álcool de 4,5% por ano desde 2011 e, desde então, ele tem se estabilizado.

Segundo o último relatório de saúde, o consumo médio de cada adulto na Europa passou de 12 litros anuais em 2000 para 9,5 litros em 2019. E, se nos concentrarmos no vinho — a única bebida alcoólica que Jeff Bezos consome em celebrações especiais —, os dados mostram que seu consumo médio por adulto caiu de 14,2 litros em 1990 para 10 litros em 2017.

Essa queda no consumo de álcool trouxe uma mudança cultural nas atividades sociais desses novos empreendedores. Os encontros entre colegas, antes animados por brindes e bebidas, agora são reuniões em saunas, palestras motivacionais e rotinas de academia em busca de conexões profissionais.

Miranda Nover, cofundadora de uma startup de fitness chamada Fort, afirmou em entrevista ao Business Insider que a imagem de uma existência ascética é muito importante para os jovens empreendedores. “Você está tentando transmitir: fazemos isso seis dias por semana no escritório, trabalhamos até às 21h, não bebemos, não saímos para festas, não fazemos nada disso”, disse.

Diferentemente do que acontecia com as gerações anteriores de fundadores milionários, como Henry Ford ou Aristóteles Onassis, cujas festas eram regadas a álcool, agora o consumo de bebidas alcoólicas deixou de ser o eixo central. Adotou-se uma filosofia mais próxima dos postulados do milionário Bryan Johnson, focando toda a energia na produtividade. Nos eventos de inteligência artificial em San Francisco, o álcool está ausente.

Segundo Michelle Fang, de 26 anos e organizadora de eventos para esses jovens fundadores do Vale do Silício, a razão pela qual nas festas dessa nova geração de empreendedores o álcool não está presente não se deve apenas a uma mudança no conceito de lazer e saúde: “muitos eventos relacionados à IA não servem álcool, não apenas porque está fora de moda entre o público de San Francisco. Muitos fundadores nem têm idade suficiente para beber”.

Imagem | Unsplash (Nguyễn Hiệp)

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.


Inicio