A geração Alfa, formada por crianças nascidas entre 2010 e 2025, já cresceu conectada em um universo digital. Tablets, smartphones, computadores e acesso ilimitado à internet fazem parte do dia a dia desde muito cedo. De acordo com dados do McCrindle, empresa de consultoria e pesquisa que analisa e comunica tendências sociais, demográficas e comportamentais, a Geração Alfa passa mais tempo olhando para telas do que qualquer outra geração e tem acesso a smartphones e tablets cada vez mais cedo. Segundo os dados do site, crianças entre 8 e 12 anos passam em média 4 horas e 44 minutos em frente às telas todos os dias. É justamente esse comportamento, marcado pela hiperconectividade e uso excessivo de dispositivos, que deu origem ao termo screenager. A seguir, entenda o que o termo significa e quais os impactos desse comportamento.
O que é um screenager?
Screenager, um termo que une as palavras screen (tela) e teenager (adolescente), é utilizado para descrever jovens que passam a maior parte do tempo em frente a telas, seja assistindo vídeos, jogando, navegando em redes sociais ou conversando online. Esse comportamento é algo muito comum na geração Alfa, pois desde muito cedo, eles têm acesso a informações na internet e são bombardeados por diferentes estímulos tecnológicos diariamente.
Por essa razão, essa geração tende a apresentar certa facilidade em lidar com os dispositivos tecnológicos, já que são fluentes no ambiente digital, têm raciocínio rápido, lidam com múltiplas plataformas ao mesmo tempo e absorvem informações em grande velocidade. Por outro lado, o termo screenager carrega também uma conotação pejorativa, pois segundo especialistas, o uso excessivo da tecnologia pode trazer consequências significativas no desenvolvimento emocional, social e cognitivo desses jovens.
Quais são as consequências do uso excessivo da tecnologia?
É preciso reconhecer os impactos negativos que o uso excessivo pode causar, sobretudo em crianças e adolescentes que já crescem hiperconectados. Pesquisas recentes têm mostrado que o uso excessivo de dispositivos digitais pode trazer prejuízos à saúde mental, à capacidade de concentração e até ao desempenho escolar.
Segundo um estudo realizado pela Faculdade de medicina da UFMG, o uso excessivo de telas está relacionado a uma piora da saúde mental de seus usuários, gerando sintomas de estresse, depressão e ansiedade. E apesar de ser muito comum na geração Alfa, as consequências desse comportamento não afetam só os jovens: até idosos vêm desenvolvendo sintomas como nomofobia, que é o medo irracional de ficar longe do celular. Contudo, no caso das crianças, o problema é ainda mais delicado. Muitos pais acabam utilizando dispositivos como celulares e tablets para entreter os filhos enquanto trabalham, o que colabora para o aumento do tempo de exposição a tela e reduz a interação com o “mundo real”, prática que é fundamental para o desenvolvimento emocional e social dos jovens.
A pesquisa também indica que o uso prolongado de dispositivos está associado a uma queda precoce no quociente de inteligência (QI), causada principalmente pela falta de estímulos que ativam o raciocínio lógico, a criatividade e a memória. Além disso, a dispersão constante provocada pelas notificações e múltiplas distrações tornam mais difícil o jovem manter o foco em atividades que exigem atenção prolongada, como ler, estudar ou resolver problemas complexos.
De acordo com outro estudo, realizado pela faculdade de medicina da Universidade de Pittsburgh, adolescentes que passam muitas horas em frente a telas e não têm uma boa qualidade de sono, apresentam alterações no funcionamento do cérebro. As áreas responsáveis pela regulação das emoções, pela memória e pela atenção são menos desenvolvidas e organizadas nesses jovens. Além disso, eles também demonstraram mais suscetibilidade a desenvolver sinais de depressão. As informações revelam que o uso excessivo de telas pode comprometer tanto a saúde mental quanto o desempenho cognitivo dos jovens da geração Alfa.
É preciso saber dosar o uso das telas
Ainda que o uso da tecnologia traga consequências negativas para o desenvolvimento emocional, social e cognitivo desses jovens, não se deve excluí-lo totalmente da vida deles. E mesmo que devesse, é praticamente impossível afastar crianças e adolescentes da tecnologia na atualidade. A saída, segundo especialistas, está em dosar o uso e promover uma convivência mais consciente com as telas.
Os screenagers não são apenas dependentes de tecnologia, eles também desenvolvem habilidades digitais, têm facilidade para aprender e grande capacidade de adaptação. Com o direcionamento certo, isso pode ser uma vantagem no futuro, especialmente na área profissional. O papel dos pais e educadores, portanto, é orientar o uso responsável da tecnologia e oferecer outras fontes de estímulo para promover momentos de desconexão. Veja a seguir algumas orientações recomendadas:
- Estabelecer um tempo de tela adequado para cada faixa etária;
- Incentivar atividades ao ar livre e esportes;
- Priorizar momentos de interação social presencial;
- Acompanhar os conteúdos acessados pelos jovens;
- Criar períodos do dia livres de dispositivos, como na hora das refeições ou antes de dormir.
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