Tendências do dia

O show de aberrações que salvou 7.500 bebês: a incrível história do médico que exibia prematuros em parques para salvá-los

Médico colocava bebês prematuros em incubadoras fora de hospitais para que elas sobrevivessem

Bebê dentro de incubadora. Créditos: Jill Lehmann Photography/Getty Images
Sem comentários Facebook Twitter Flipboard E-mail
laura-vieira

Laura Vieira

Redatora
laura-vieira

Laura Vieira

Redatora

Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

187 publicaciones de Laura Vieira

A evolução da medicina ao longo da história é cheia de controvérsias e relatos assustadores. Já tiveram casos de choques elétricos para “curar” pacientes homossexuais e psiquiátricos, além de experimentos bizarros realizados pelo médico nazista Josef Mengele, como a retirada de órgãos de crianças ainda vivas para a realização de testes. No entanto, existe um outro caso na medicina que quase não é comentado, mas que também provoca estranhamento: a exposição de bebês prematuros em espetáculos, dentro de incubadoras, um equipamento médico que proporciona um ambiente controlado e seguro para recém-nascidos que nasceram antes do tempo. A seguir, veja o que motivou o “espetáculo” e como ele ajudou a salvar milhares de vidas.

Exposição de horrores: médico leva incubadora para fora dos hospitais e exibe bebês em ”show de aberrações”

Você pagaria para ver um bebê recém-nascido exposto dentro de uma incubadora? Pode parecer algo inimaginável que, no mínimo, infringe os limites éticos da medicina. Mas, por incrível que pareça, isso de fato aconteceu no início do século XX, na feira Luna Park de Coney Island, em Nova York, nos Estados Unidos. O médico Martin Couney, pioneiro da tecnologia neonatal precoce, oferecia uma alternativa a bebês prematuros, renegados na medicina, ao tratá-los em incubadoras. 

Contudo, esse tratamento não era realizado da maneira tradicional como conhecemos hoje, dentro de hospitais. Martin Couney levava as crianças para serem tratadas em outros espaços, abrindo uma espécie de “exposição” aberta a visitantes. Para visitar esses locais, os visitantes pagavam o valor de US$0,25.

A exposição de bebês prematuros foi aberta em vários lugares do mundo, começando em Berlim, na Alemanha. Depois, o médico realizou outras exposições similares na Inglaterra e França, até chegar nos Estados Unidos. A exposição da feira de Luna Park de Coney Island, em Nova York, foi aberta em 1903, mas continuou “em cartaz” por mais 40 anos. 

Sobreviventes que passaram pelas feiras de aberrações dizem ser gratos ao médico

Pode parecer cruel e assustador o que Martin Couney fez com os mais de 7 mil bebês prematuros que passaram pelas suas incubadoras de exposição. No entanto, graças a essa medida, muitas crianças conseguiram sobreviver após o nascimento precoce. Isso porque as incubadoras são projetadas para fornecer um ambiente controlado para manter o calor, os níveis de oxigênio e proteger as crianças dos germe, “imitando” o útero materno. Antes da invenção, as crianças não suportavam e viam a óbito. É por essa razão que muitos pais e bebês que foram expostos a essa situação são gratos a Martin Couney. Afinal, se não tivessem passado por isso, muitos não estariam vivos. 

Incubadoras se popularizam na medicina moderna

Por mais estranho e controverso que pareça, as exposições de incubadoras de Martin Couney proporcionaram um avanço significativo na medicina neonatal. No começo do século, a medicina não considerava viável os recém-nascidos que nasciam antes do tempo. Então, muitas dessas crianças acabavam morrendo em decorrência da falta de cuidados médicos específicos para eles. Foi aí que Martin decidiu aplicar o que havia aprendido com Etienne Stephane Tarnier, médico que desenvolveu os primeiros dispositivos de aquecimento infantis, conhecidas como incubadoras. 

O grande problema disso tudo é que os hospitais não aceitavam incluir esses equipamentos em seus espaços. Talvez porque Martin Couney não possuía nenhum diploma ou licença oficial para atuar como médico. Dessa forma, ele decidiu tratar as crianças por contra própria. O valor cobrado, segundo ele, servia para manter esses espaços funcionando e os cuidados médicos das crianças. Além dele, o médico também empregou técnicos de saúde em formação e amas de leite para alimentar os bebês prematuros.

Apesar do sucesso, as incubadoras da época não eram como as de hoje. Diferente das incubadoras modernas, os modelos pioneiros utilizados pelo médico eram de metal e pareciam uma espécie de “armário”, pois possuíam duas portas de vidro onde era possível ver o bebê dentro. Com o avanço da medicina e os resultados promissores das exposições, as incubadoras se popularizaram e os hospitais passaram a oferecer tratamento similar para bebês prematuros. 


Inicio