Estudiosa de tecnologias de guerra e co-inventora da base do Wi-Fi, GPS, Bluetooth: ela sabia que apenas beleza era pouco para ela

Com sua inteligência que deixou um legado, Hady Lamarr provou que não era só um rostinho bonito a ser exibido

Hady Lammar posando para foto. Créditos:	Robert Coburn /GettyImages
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Laura Vieira

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Laura Vieira

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Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

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O Wi-Fi, o Bluetooth e o GPS revolucionaram a forma como o mundo se conecta, se comunica e se orienta. Mas o que poucos sabem é que, por trás dessas tecnologias sem fio, está a mente brilhante de Hedy Lamarr, uma atriz austríaca considerada uma das mulheres mais bonitas do mundo, mas que não foi valorizada pela expertise em invenções.

Curiosa desde pequena, a paixão de Hedy sempre foi inventar coisas. Quando não estava nos sets gravando,  ela usava o tempo livre para criar e experimentar. Movida por essas habilidades, ela ajudou a desenvolver o sistema que mais tarde se tornaria a base dessas inovações.  Isso tudo enquanto a atriz fugia do nazismo e enfrentava o machismo da época. 

Quem foi Hedy Lamarr?

Nascida em Viena, na Áustria, em 1914, Hedwig Eva Maria Kiesler, conhecida como Hedy Lamarr, cresceu em uma família judia abastada, ao lado de uma mãe pianista que a introduziu na arte e de um pai  banqueiro com curiosidade nata pela ciência. Filha única, ela acabou herdando tanto o talento artístico da mãe quanto o olhar investigativo do pai. Desde pequena, desmontava brinquedos e caixas de música para descobrir como tudo funcionava.

Aos 16 anos, foi descoberta por um diretor de teatro e não demorou muito para se tornar atriz e conquistar espaço no cinema europeu. Mas, pouco tempo depois, sua vida mudou completamente ao se casar com Fritz Mand, em 1933, um fabricante de armas que fazia negócios com fascistas e nazistas, além de ser considerado o homem mais rico da Áustria. O casamento, contudo, estava fadado ao fracasso. 

Na época, Hedy tinha apenas 19 anos e era tratada como troféu. Precisou largar sua carreira e era mantida confinada em casa, exercendo a função de esposa que organiza jantares e entretém os convidados. Nesses jantares, cercada por engenheiros e políticos ligados ao fascismo, como Mussolini, político italiano que liderou o Partido Nacional Fascista, ela acabou aprendendo mais sobre tecnologia militar, conhecimento que foi muito bem aproveitado em suas invenções do futuro.  

Em 1937, com a expansão do nazismo, Hedy fugiu do marido e da Áustria. Ela foi inicialmente para Londres, mas depois partiu para os Estados Unidos, onde renegou sua origem judaica e passou a ser chamada de Hedy Lamarr.

Hedy Lamarr foi parar em Hollywood e se tornou uma das mulheres mais bonitas do mundo

Hedy Lammar com coroa. Créditos: 	Donaldson Collection/GettyImages

Em Hollywood, Hedy Lamarr se tornou uma estrela do cinema. O rosto, dentro dos padrões de beleza da época, e o sotaque europeu, a transformaram em uma das atrizes mais famosas da década de 1940. Ela participou de filmes famosos, como Sansão e Dalila, Êxtase e Carga Branca.

A indústria do cinema a via como “a mulher mais bonita do mundo”, mas apesar de todo glamour, ela sentia falta de algo: ela queria ser reconhecida e valorizada pela sua inteligência, não apenas pela sua beleza. Ela montou então um pequeno laboratório em casa e passou a trabalhar em invenções durante as filmagens dos filmes em que participava.

Foi o empresário e piloto Howard Hughes que a encorajou a explorar seu talento científico. Howard e Heddy chegaram a namorar por um tempo, e ele, impressionado com as ideias da atriz, chegou a fornecer equipamentos para experimentos dela. Ele chegou até a levá-la para conhecer sua fábrica de aviões, e inspirada pela natureza do local, ela desenhou asas de aviões baseadas nas barbatanas de peixes e asas de pássaros, um projeto tão inovador que fez Howard chamá-la de “gênio”.

Hedy Lamarr era muito mais do que apenas um rostinho bonito

Durante a Segunda Guerra Mundial, entre 1939 a 1945, Hedy usou o conhecimento sobre armas e comunicação para ajudar na guerra. Junto ao compositor George Antheil, ela criou um sistema de salto de frequência que impedia a interceptação de sinais de rádio, uma tecnologia desenvolvida para guiar torpedos com maior precisão.

A invenção foi patenteada em 1942, mas ignorada pela Marinha americana por ter sido criada por uma mulher e atriz. Décadas depois, o princípio dessa mesma tecnologia se tornaria a base para o Wi-Fi, o GPS e o Bluetooth, pilares da comunicação moderna.

Hedy nunca recebeu lucro pela invenção, mas foi reconhecida no fim da vida, recebendo prêmios como o Pioneer Award da Electronic Frontier Foundation e entrando para o Hall da Fama Nacional dos Inventores em 2014.

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