O clima diplomático entre Estados Unidos e Brasil não está nada amigável desde que o presidente Donald Trump anunciou a taxação de todos os produtos importados brasileiros em 50%. Agora, a tensão esquentou ainda mais após nova ameaça do presidente norte-americano: o bloqueio do GPS no Brasil. Criado originalmente para fins militares no final do século 20, o Sistema de Posicionamento Global (GPS) é muito utilizado por civis para geolocalização. Mas, afinal, seria tecnicamente possível restringir o funcionamento do GPS no país? E quais seriam as consequências? Entenda como o sistema funciona e os impactos dessa ameaça.
Estados Unidos pode bloquear o GPS no Brasil?
Uma polêmica tomou conta das redes sociais no fim de semana. De acordo com informações divulgadas pela Folha de São Paulo, aliados de Jair Bolsonaro, ex-presidente do Brasil, afirmaram que membros do Departamento de Estado dos Estados Unidos estão cogitando impor novas sanções ao Brasil, como o bloqueio do uso de satélites e do sistema de GPS. Mas será que isso é possível?
O GPS é um sistema que envia sinais diretamente dos satélites para dispositivos ao redor do mundo, de maneira aberta e unidirecional. Por essa razão, o comentarista de tecnologia Pedro Doria acredita ser quase impossível o bloqueio do sistema, um “feito de engenharia inimaginável”.
“É possível bloquear o sinal de GPS apenas em uma área de 12 km². O Brasil tem 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Então, seria muito trabalho ficar fazendo isso, 12 quilômetros por vez e o tempo todo”.
Mesmo que improvável, o bloqueio do GPS afetaria setores cruciais no Brasil, como aviação, transporte marítimo, logística, telecomunicações, fornecimento de energia e até o funcionamento do sistema financeiro, que depende da precisão dos dados de tempo gerados por satélites para garantir a segurança das transações eletrônicas.
GNSS e GPS: entenda a diferença
Na linguagem popular, qualquer sistema de localização é chamado de "GPS". Contudo, o termo correto é GNSS, ou Sistema Global de Navegação por Satélite, um conjunto de sistemas globais de navegação por satélite. O GPS é apenas um desses sistemas, mas há outros como o Glonass (Rússia), Galileo (Europa) e BeiDou (China). A maioria dos celulares modernos, por exemplo, já acessam sinais de vários desses sistemas ao mesmo tempo. Ou seja, mesmo que o GPS fosse restringido, outros sinais ainda estariam disponíveis, o que reduz bastante o impacto de qualquer tentativa de bloqueio total.
Por que o Brasil está sendo ameaçado com sanções?
A relação entre Brasil e Estados Unidos ficou abalada após declarações de aliados do ex-presidente Bolsonaro e as recentes medidas econômicas adotadas pelos Estados Unidos. Além da taxação de produtos brasileiros importados e o suposto bloqueio do GPS, Marco Rubio, secretário de Estado americano, anunciou a revogação do visto de Alexandre de Moraes, ministro do STF, para entrar nos Estados Unidos, citando "caça às bruxas" contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.
.@POTUS made clear that his administration will hold accountable foreign nationals who are responsible for censorship of protected expression in the United States. Brazilian Supreme Federal Court Justice Alexandre de Moraes's political witch hunt against Jair Bolsonaro created a…
— Secretary Marco Rubio (@SecRubio) July 18, 2025
Mas por que tais medidas estão sendo tomadas? A especulação aponta motivações ideológicas, mas há também argumentos jurídicos e comerciais sendo usados. Em carta que determinou a taxação dos produtos brasileiros, enviada por Donald Trump, também foi citada a Seção 301, uma ferramenta de política comercial dos EUA para investigar supostas práticas comerciais desleais. Ela já foi usada em outras ocasiões contra países como a China e permite que os EUA apliquem sanções ou restrições de importação contra países.
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