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Após 100 horas visitando um templo maia, MrBeast irritou a arqueologia — as autoridades mexicanas tiveram que esclarecer o ocorrido

O youtuber visitou áreas como Chichén Itzá para seu último vídeo. O turismo gerado por esse tipo de conteúdo compensa os problemas que ele possa causar

MrBeast diz que dormiu dentro do famoso templo Chichén Itzá, mas não foi bem assim / Imagem: Divulgação
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Descendo de helicóptero sobre ruínas protegidas, com uma máscara pré-hispânica nas mãos, dormindo entre templos maias e soltando as clássicas frases do estilo "por que não construímos templos assim?", o último vídeo de MrBeast, onde ele afirma ter sobrevivido 100 horas dentro de um templo antigo, irritou a comunidade arqueológica.

O principal problema é que, em casos como o da pirâmide de Chichén Itzá, o acesso ao público é severamente restrito devido aos problemas causados pelo turismo. Antigamente, era possível acessar câmaras como a do Trono do Jaguar Vermelho, mas o suor e a respiração dos turistas, além de certos atos de vandalismo, estavam prejudicando a estrutura do monumento. Com esse cenário, o fato de Mr. Beast afirmar que dormiu dentro do templo é, evidentemente, um grande problema.

A verdade sobre o vídeo de MrBeast no México

A indignação da comunidade arqueológica foi tamanha que o INAH (Instituto Nacional de Antropologia e História) do México teve que sair em defesa e esclarecer as diferenças entre o que aparece no vídeo de MrBeast e o que realmente aconteceu. Em um comunicado divulgado pelo próprio órgão mexicano, foi afirmado que a gravação foi realizada principalmente em "áreas de acesso público e sem afetar a entrada dos visitantes".

Sobre todas as polêmicas relacionadas ao helicóptero, à máscara, à área protegida e até mesmo ao voo de drone dentro da pirâmide de Chichén Itzá, o INAH certificou que tudo não passou de um extenso trabalho de pós-produção audiovisual para tornar o vídeo mais espetacular.

Como é possível ler no comunicado: "Os produtores jamais desceram de um helicóptero, nem pernoitaram dentro da área arqueológica, nem estavam em posse de uma máscara pré-hispânica, pois a que apresentam é claramente uma reprodução contemporânea. Todas essas são afirmações falsas que obedecem à teatralidade própria do youtuber em questão".

Também afirmam que o INAH esteve presente o tempo todo para supervisionar as medidas de segurança, conforme estabelece o Governo do México, e que, para garantir que nada do que foi feito afetasse o patrimônio arqueológico, o youtuber foi proibido realizar o voo do drone dentro da estrutura: "Não foi realizado voo de drone dentro de El Castillo, como falsamente mencionado no vídeo; esse voo foi feito do lado de fora da estrutura".

Embora as dúvidas geradas por esse tipo de vídeo sejam evidentes, especialmente devido ao enfoque mais voltado para o espetáculo do que para a divulgação científica, eles continuam sendo uma forma fantástica de incentivar o turismo nas áreas arqueológicas e, indiretamente, ajudar a financiar o estudo e a preservação dessas zonas.

"O INAH considera que, apesar das informações distorcidas fornecidas pelo youtuber, a difusão desse tipo de material pode motivar o interesse de públicos jovens no México e no mundo para conhecer nossas culturas ancestrais e visitar os sítios arqueológicos, que são um valioso patrimônio nacional, aproximando-se de interpretações alinhadas com o conhecimento científico e a devida apreciação das nossas culturas originárias." Não se sabe se o INAH tomará alguma ação sobre o que foi dito ou editado no vídeo, que pode induzir a erros.

Este texto foi traduzido/adaptado do site 3DJuegos.

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