Em 2024, uma delegação chinesa visitou a Rua Príncipe de Vergara, 154, em Madri. À primeira vista, pode-se pensar que isso não é algo que não aconteça com relativa frequência na maioria das capitais do mundo. E é verdade.
Afinal, a única coisa estranha é que, naquele canto do país, fica a sede do Conselho Oleícola Internacional.
Qual é o papel da China no mercado internacional de azeite?
É uma pergunta surpreendentemente simples
O "gigante asiático" é líder em muitas coisas, mas há uma em que não é ninguém: o azeite. De acordo com as estatísticas disponíveis, a China representa apenas 4% das importações globais de azeite. Apesar da enorme quantidade de óleos vegetais que Pequim devora, a azeitona é um produto sem consequências sociais, econômicas e culturais.
No entanto, nenhum desses dados nos interessa. A chave é outra: espera-se que o consumo cresça 7% ao ano, e isso, a médio prazo, é um grande negócio.
E a China sabe disso
É por isso que, enquanto o mercado internacional continua a vacilar, Pequim já traçou um plano para se tornar um player misto — não quer apenas um papel na comercialização, mas também um produtor disposto a sentar-se à mesa dos grandes players.
Isso não só lhe daria uma margem de segurança (e independência) na política alimentar do país, como também fortaleceria seu compromisso com a modernização da China rural.
E o que fará para alcançar isso?
Plantando oliveiras como se não houvesse amanhã e aprendendo com os melhores a fazê-lo. Essa é a resposta. Atualmente, o coração da produção chinesa está em torno de Longnan, na província de Gansu. Só o distrito de Wudu tem o dobro de hectares de Almería e produziu 56.900 toneladas de azeitonas frescas em 2024 (cerca de 8.200 toneladas de azeite virgem).
Mas o foco agora está em Sichuan: uma província com vales interiores, altitude média e um clima que combina perfeitamente com a oliveira mediterrânea. A província já tinha plantações dispersas, mas agora está destinada a se tornar a "nova Jaén".
Sério? Não é um pouco exagerado?
É verdade que a topografia de Sichuan é complexa, que pode haver mais umidade do que o ideal e que os custos de mecanização serão altos; no entanto, a experiência da Califórnia (e seus modelos de alta densidade) está lá. E se alguém pode conseguir isso, é justamente a China.
E parece que eles querem
Ou, pelo menos, há sinais de que manterão todas as opções em aberto. Como demonstra o olival californiano, construir uma marca-país leva muito tempo. Não se pode improvisar.
Mas parece inegável que as bases estão sendo lançadas. Não é por acaso que os produtores chineses já conquistaram prêmios internacionais. Estes são os primeiros passos do que pode ser o único adversário que a Espanha enfrentará neste caminho.
Imagem de capa | Vicente Eisfeld | Li Yang
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