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Novo brinquedinho da China é 800 mil vezes mais forte que o campo magnético da terra

O novo ímã resistivo chinês gera um campo magnético de 42,02 teslas, superando o ímã norte-americano que havia conquistado um recorde em 2017.

China - Magnetismo da Terra l Imagens | Hefei Institutes of Physical Science, Geek3
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Nem todo dia se alcança um feito como o que uma equipe de cientistas chineses acaba de conquistar. Os pesquisadores vêm há anos experimentando a criação de campos magnéticos ultrafortes, e às vezes exageram (como quando, em 2018, explodiram um laboratório).

Em outras ocasiões, conseguem alcançar seu objetivo, abrindo caminho para a fusão nuclear, mas todos os avanços nesse campo parecem pequenos diante do que foi conquistado na China.

Concretamente, um recorde foi alcançado com um ímã resistivo, ao conseguir um campo magnético estável de 42,02 teslas. Isso é vital para a ciência e para o avanço do grande colisor chinês.

Unidade tesla

Antes de tudo, vamos entender o que são os "teslas". Temos unidades para medir praticamente tudo, e, quando se trata de catalogar a intensidade dos campos magnéticos, utilizamos a unidade tesla.

Um tesla representa a magnitude de um campo magnético que gera uma força de um newton sobre uma carga de um culombio (outra unidade de medida que representa a quantidade de carga elétrica transportada por uma corrente de um amperímetro em um segundo) movendo-se a um metro por segundo perpendicularmente ao campo.

Em resumo, a unidade tesla mede a intensidade dos campos magnéticos. Para contexto, o campo magnético da Terra tem uma intensidade entre 25 e 65 microteslas, o que equivale a 0,000025 a 0,000065 teslas. Esse valor varia, sendo mais forte nos polos e mais fraco no equador, mas os pesquisadores chineses desenvolveram um ímã com um campo magnético de...

42,02 teslas

Esse é o número mágico, equivalente a 800.000 vezes o campo magnético da Terra, representando um avanço sem precedentes na geração de campos magnéticos extremos controlados. Isso foi alcançado no mês passado graças ao trabalho dos pesquisadores independentes do Laboratório de Alto Campo Magnético do Instituto de Ciências Físicas de Hefei.

Ímã resistivo

Usamos o termo "ímãs resistivos" para nos referir a um eletroímã fabricado com metais como cobre e alumínio. São metais que produzem muito calor quando a energia passa por eles, por isso são usados materiais supercondutores para transportar a corrente sem gerar calor. Apesar disso, esses ímãs só podem funcionar a temperaturas próximas do zero absoluto: -273 graus Celsius.

O ímã HEFEI O ímã HEFEI

Recorde

Desde 2017, o recorde de campo de potência estável produzido por um ímã resistivo era de 41,4 teslas. Foi uma equipe da Universidade Estadual da Flórida que destruiu o recorde anterior da China, de 38,5 teslas, graças a um ímã resistivo com consumo de 32 MW de corrente contínua.

Existem ímãs mais potentes, mas nenhum capaz de gerar esse campo magnético de maneira estável. O ímã chinês de 42,02 teslas conseguiu superar o rival norte-americano com um consumo muito, muito similar: 32,3 MW, o que equivale a uma potência de 43.000 cavalos de potência.

Para colocar essa cifra em contexto, é a potência de 43 carros de Fórmula 1, o motor de um navio de carga ou algo próximo à potência de alguns motores a reação de aviões comerciais.

Para quê?

Agora, essa competição para ver quem consegue criar o campo magnético estável mais potente não tem um propósito vazio. Assim como a competição entre supercomputadores, os ímãs resistivos são vitais em várias aplicações científicas.

Não precisamos ir muito longe para ver isso: esses ímãs resistivos são utilizados em aceleradores de partículas, como o Grande Colisor de Hádrons (LHC). A China está desenvolvendo seu próprio LHC, então os avanços nesse campo são cruciais.

Além disso, eles são empregados na melhoria de sistemas de ressonância magnética nuclear, usados tanto na química quanto na medicina, no desenvolvimento de campos magnéticos para confinar o plasma, em estudos de materiais e supercondutividade, em sistemas de tomografia por emissão de pósitrons, que são usados para detectar doenças como o câncer, e na pesquisa no campo da computação quântica.

No final, como podemos ver, esses avanços são cruciais em diversos campos e, com essa batalha (uma a mais) entre os Estados Unidos e a China, os progressos na potência dos campos magnéticos artificiais beneficiam várias áreas. No entanto, pode demorar para vermos um novo recorde, já que a equipe chinesa investigou por quatro anos como alcançar essa potência, devido aos altos requisitos de energia e dissipação necessários para que o sistema funcione.

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