Más notícias: o Universo está esfriando; boas notícias: vai demorar trilhões de anos até apagar de vez

Nosso universo tende a estar cada vez mais apagado, até que chegue ao seu final

Universo / Imagem: Jeremy Thomas
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Victor Bianchin

Redator
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Victor Bianchin

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Victor Bianchin é jornalista.

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Assim como nós — que, ao envelhecer, deixamos a festa para trás e começamos a perder energia — com o Universo acontece algo muito parecido. No passado, o cosmos teve uma juventude frenética durante um período conhecido como Meio-Dia Cósmico, há cerca de 10 bilhões de anos, quando literalmente tudo era uma festa de fogos de artifício: galáxias colidindo, gás se comprimindo e uma enorme taxa de nascimento de estrelas. Mas essa festa está chegando ao fim.

Com essa analogia, chegamos à conclusão de que o Universo está entrando em um grande declínio, como sugere um estudo gigantesco liderado pela Colaboração Euclid, que aponta que o Universo não só está esfriando, como parece ter entrado em uma “temperatura de aposentadoria”.

Entender a “saúde” do cosmos pode ser algo complexo. Por isso, os cientistas optam por observar a “poeira” espalhada por toda a galáxia — o material base de silicatos e metais a partir do qual surgem as estrelas. A vantagem é que essa poeira tem uma característica fundamental: ela se aquece.

Dessa forma, quando estão se formando muitas estrelas novas em uma galáxia, irradia-se uma luz muito intensa que aquece a poeira ao redor. Essa poeira quente, por sua vez, emite um brilho fraco na forma de calor — luz infravermelha distante — que é exatamente o que podemos medir a partir do nosso planeta.

Para fazer essa medição, foi usada uma combinação de observatórios, como por exemplo o Euclid, um telescópio da ESA que está criando o maior mapa 3D do Universo e que forneceu um censo sem precedentes de 2,6 milhões de galáxias. Essas informações, junto com antigas detecções de luz infravermelha distante, serviram para calcular a média do sinal térmico de milhares de galáxias da mesma época e massa, obtendo uma leitura de temperatura média incrivelmente precisa.

O que isso nos diz

Dessa forma, existe uma correlação direta: uma galáxia com poeira quente é uma "fábrica" de estrelas em pleno funcionamento. Mas uma galáxia com poeira fria indica declínio e estabilidade.

O estudo confirma que, na “febre” do Meio Dia Cósmico, a poeira galáctica atingia temperaturas médias de 35 Kelvin (-238 °C). Mas, à medida que o Universo envelhecia e a formação de estrelas despencava, essa temperatura começou a cair. E é aqui que chega a descoberta-chave.

O estudo aponta que a temperatura não continua caindo indefinidamente. A partir de certo ponto (há 8 bilhões de anos), a temperatura deixou de cair e se estabilizou. Especificamente, ela ficou "estagnada" em -249,95 °C.

O que aconteceu basicamente é que o “termostato do Universo” mudou do modo juventude — onde muitas estrelas estavam se formando — para um modo velhice, em que a poeira é aquecida apenas pela população de estrelas já existente, que é logicamente muito mais fria.

Essa descoberta é crucial porque demonstra que a temperatura da poeira, pela primeira vez, tornou-se independente da massa da galáxia. Não importa se é uma galáxia grande ou pequena; se está em nossa época, sua poeira gira em torno de 23 Kelvins, ou seja: -249,95 °C.

Embora 23 Kelvins seja a nova norma, isso é apenas uma parada técnica em uma viagem muito mais longa. Este estudo é mais uma evidência de que vivemos em um Universo em declínio, dominado pela energia escura que acelera sua expansão.

Dessa maneira, à medida que o espaço for se expandindo, as galáxias irão se isolando e sua matéria-prima irá se esgotando. Por isso, o futuro é que as estrelas antigas que mantêm essa temperatura estável acabarão morrendo. São como brasas que ainda emitem um calor constante para cozinhar na lareira, mas que vão se apagando lentamente até ficarem completamente frias.

O destino final, ainda que faltem trilhões de anos, continua sendo a “Morte Fria” do cosmos: um estado de entropia máxima em que a temperatura chegará ao Zero Absoluto (-273,15 °C) e toda atividade cessará para sempre.

Imagens | Jeremy Thomas

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.


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