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Cientistas identificam as doenças por trás do desastroso recuo das tropas de Napoleão Bonaparte em 1812 na Rússia

Retirada manchou a campanha do imperador francês

Reprodução/Vasily Vereshchagin
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Bárbara Castro

Redatora
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Bárbara Castro

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Jornalista com pós-graduação em Cinema que passava as tardes vendo Cartoon Network e History Channel quando criança. Coleciona vinis, CDs e jogos do Nintendo DS e 3DS (e estantes que não cabem mais livros). A primeira memória com um computador é de ter machucado o dedo em uma ventoinha enquanto um de seus pais estava montando um PC.

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Mais de 200 anos depois, cientistas acharam evidências microbiais por trás das doenças que atingiriam os soldados franceses durante a tentativa de Napoleão Bonaparte conquistar o território russo em pleno inverno. 

Pesquisadores do Instituto Pasteur e do Laboratório de Antropologia Biocultural da Universidade Aix Marseille conduziram uma análise genética dos restos mortais de soldados que se retiraram da Rússia em 1812, descobrindo traços de dois patógenos causadores de doenças que correspondem aos sintomas descritos em registros de testemunhas da época.

As doenças achadas foram a Salmonella enterica subsp. enterica (sorovar Paratyphi C), causadora da febre paratifoide, e Borrelia recurrentis, a bactéria responsável pela febre recorrente. Esta última é transmitida por piolhos e produz períodos alternados de febre e recuperação. 

Apesar de diferentes, ambas as infecções podem causar febre intensa, exaustão e desconforto digestivo e, combinado ao frio do inverno, pode ter intensificado o sofrimento dos soldados, junto a fome e a falta de saneamento básico ao longo da campanha.

Essa descoberta também marca a primeira vez de uma confirmação direta das doenças que atingiram o exército napoleônico. No entanto, ainda não se sabe dizer quantas vidas exatas foram levadas por cada uma delas. 

Getty Images/Heritage Images Getty Images/Heritage Images

"Acessar os dados genômicos dos patógenos que circularam em populações históricas nos ajuda a entender como as doenças infecciosas evoluíram, se espalharam e desapareceram ao longo do tempo, e a identificar os contextos sociais ou ambientais que desempenharam um papel nesses desenvolvimentos. Essas informações nos fornecem percepções valiosas para melhor compreender e combater as doenças infecciosas hoje", explica Nicolás Rascovan, Chefe da Unidade de Paleogenômica Microbiana do Instituto Pasteur e último autor do estudo.

Começando em 24 de junho de 1812, a Invasão Francesa na Rússia durou apenas seis meses, quando Napoleão e seu exército teve que se retirar do território russo as pressas por conta de doenças, falta de saneamento básico e provisões, além de um despreparo para o rigoroso inverno do local. Apesar dos números não serem exatos, acredita-se que mais de 450 mil homens que se juntaram ao imperador, apenas 120 mil retornaram para a França e sobreviveram. 

Capa da matéria: Reprodução







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