Em 1999, um empresário do varejo chamado Uzi Nissan, dono de uma pequena papelaria e loja de eletrônicos no estado da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, ensinou uma lição surpreendente sobre perseverança e direitos digitais para a gigante automobilística japonesa. A lição custou milhões à montadora e envolveu a posse do domínio mais valioso da marca: nissan.com.
O empresário, que usava seu próprio sobrenome (Nissan) para nomear seus negócios, havia registrado o domínio nissan.com em 1994, muito antes de a montadora japonesa entender a importância estratégica da internet.
A guerra pelo nome de família
Uzi Nissan administrava um site modesto para sua empresa de computadores, a Nissan Computer Corporation, sem qualquer intenção de competir com a fabricante de automóveis, até porque ela tinha nome de Datsun e só posteriormente trocou para Nissan.
Contudo, quando a montadora japonesa, já consolidada, decidiu estabelecer sua presença online, descobriu que o domínio principal já pertencia a um pequeno empresário com o mesmo nome.
A partir de 1999, a montadora iniciou uma guerra legal que duraria anos, movendo uma ação judicial contra Uzi Nissan. A montadora alegava que o empresário estava se aproveitando da fama de sua marca para atrair tráfego e que isso gerava confusão para os consumidores.
A vitória do pequeno empresário
O caso se arrastou pelos tribunais. A defesa de Uzi Nissan era simples: seu nome é Nissan, e ele registrou o domínio de boa-fé, usando-o para seu próprio negócio. A montadora, em contraste, não tinha provas de má-fé ou que ele estivesse tentando desviar clientes de forma ilegal.
A batalha terminou com uma vitória decisiva para Uzi Nissan. O tribunal determinou que a montadora não poderia forçá-lo a entregar o domínio.
Essa derrota foi um revés caro para a gigante japonesa, que foi forçada a usar URLs alternativas por anos (como nissanusa.com). Além disso, a montadora teve que arcar com as custas processuais.
A montadora até tentou, mais tarde, adquirir o domínio pacificamente, oferecendo cerca de US$ 15 milhões, mas Uzi Nissan recusou, transformando o site em um símbolo de protesto, segundo uma entrevista que ele forneceu ao site Jalopnik. Por anos, a página exibia mensagens de protesto contra as táticas abusivas e a arrogância legal da montadora, contando os detalhes da longa disputa.
O caso Nissan.com se tornou um marco na história dos direitos digitais e um lembrete de que, na internet, o timing pode valer mais do que o poder corporativo.
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