A evolução da tecnologia tem proporcionado invenções capazes de transformar radicalmente a vida de pessoas com deficiência. Uma dessas inovações é o MouthPad, um dispositivo desenvolvido pela startup Augmental, que permite operar computadores, celulares e tablets apenas com movimentos da língua, boca e cabeça. Criado por Tomás Vega, ex-aluno do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o equipamento tem por objetivo devolver autonomia e acessibilidade a quem perdeu os movimentos das mãos..
MouthPad: como funciona o dispositivo controlado pela língua?
O MouthPad é um touchpad bucal feito sob medida, moldado a partir de um escaneamento 3D da boca do usuário. Ou seja, o dispositivo é personalizado para as características físicas de cada um. O aparelho é leve, pesa cerca de 7,5 gramas, tem menos de 1 mm de espessura e se encaixa no céu da boca, se conectando via Bluetooth ao dispositivo desejado. O dispositivo funciona a bateria, que dura cerca de 5 horas em uso contínuo e leva 2 horas para recarregar.
Com leves toques e gestos da língua, é possível rolar telas, o cursor e até clicar, funções que também podem ser adaptadas para pessoas com menor mobilidade, usando movimentos de cabeça ou mordidas. O segredo da funcionalidade do dispositivo está na capacidade motora da língua. Além disso, a tecnologia também é discreta, feita de materiais odontológicos, fazendo com que ele lembre aparelho dentário invisível.
Entenda como surgiu a ideia ousada de criar um dispositivo controlado pela língua
A ideia ousada de criar um dispositivo que devolve autonomia a pessoas com deficiência surgiu de Tomás Vega, cofundador e CEO da Augmenal. Desde a infância, ele buscava soluções para ampliar as capacidades humanas, um interesse que surgiu após ele próprio enfrentar dificuldades com a fala quando criança. Formado pela Universidade da Califórnia em Berkeley e posteriormente pesquisador no MIT Media Lab, Tomás se especializou em interfaces que unem corpo e máquina.
Durante um estágio na Neuralink, empresa de Elon Musk que desenvolveu um chip cerebral que permite controlar o cérebro por pensamento, ele percebeu que implantes cerebrais tinham grande potencial, mas também limitações práticas e éticas. Decidiu, então, desenvolver algo com impacto imediato e menos invasivo. No último semestre no MIT, criou um protótipo bem rudimentar, um equipamento que parecia um pirulito com vários sensores. Com isso, ele comprovou que os gestos da língua podiam substituir o mouse e o teclado com precisão surpreendente. Esse experimento foi o ponto de partida para fundar a Augmental e transformar a ideia em um produto real.
“Acho que isso tem o potencial de mudar muitas vidas. Também pode mudar a maneira como os humanos interagem com computadores no futuro”, afirmou Vega ao News.MIT.edu.
Pessoas com deficiência relataram sentir maior independência
Hoje, já existem pessoas que usam o MouthPad. Entre os primeiros usuários do MouthPad estão pessoas com lesões na medula espinhal e tetraplegia, que passaram a usar o dispositivo para estudar, trabalhar e até jogar. Keely Horch, aluna da Universidade de Maryland, no Condado de Baltimore, Estados Unidos, é uma das usuários do dispositivo. Ela convive com a tetraplegia e voltou a escrever fórmulas matemáticas, fazer anotações em sala e jogar com amigos, com total independência. Confira um vídeo a seguir de Keely compartilhando sua experiência com o MouthPad:
Casos como esse reforçam o impacto do projeto na vida de pessoas com deficiência. Segundo Tomás, o objetivo é tornar o uso da tecnologia tão natural para pessoas com deficiência quanto para quem utiliza as mãos. A empresa também trabalha para obter aprovação da FDA (Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA), o que permitirá o uso do MouthPad em cadeiras de rodas e braços robóticos, além de facilitar o acesso por meio de planos de saúde, tornando o dispositivo mais acessível aos usuários. Além da novidade incrível, a Augmental já está com novas versões em desenvolvimento, capazes de responder a sussurros e microgestos orais.
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