Tendências do dia

WhatsApp é banido dos dispositivos oficiais da Câmara dos Representantes, nos EUA, por decisão do Escritório de Cibersegurança

O motivo: falta de segurança. Só que as alternativas oferecidas também não são tão seguras assim

As alternativas oferecidas também não são tão seguras assim / Imagem: JVTech
Sem comentários Facebook Twitter Flipboard E-mail
victor-bianchin

Victor Bianchin

Redator
victor-bianchin

Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

890 publicaciones de Victor Bianchin

A decisão acaba de ser tomada: o WhatsApp está agora banido pelo Escritório Americano de Cibersegurança de todos os dispositivos oficiais da Câmara dos Representantes, sob o argumento de altos riscos para os dados dos usuários.

Desde o início desta semana, está em curso uma verdadeira operação de “mãos limpas” digital nos corredores do Capitólio. Em um memorando interno enviado a todos os funcionários da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos, o Escritório de Cibersegurança indicou claramente que o WhatsApp, apesar de onipresente nos celulares dos parlamentares e de seus assessores, deve ser obrigatoriamente removido de todos os dispositivos geridos pela instituição. Celulares, laptops, aplicativos web: nenhuma versão do serviço de mensagens mais popular foi poupada.

O motivo alegado? A plataforma pertencente à Meta permitiria vazamentos. “Falta de transparência” na gestão de dados pessoais, ausência de criptografia nos dados armazenados e riscos potenciais relacionados ao seu uso são as principais queixas apresentadas. Esses termos soam como um veredito sem apelação e podem ter repercussões muito além das fronteiras do Congresso americano.

Uma decisão e alternativas contestadas pela Meta

Nesse contexto tenso, o Escritório de Cibersegurança fez questão de fornecer uma lista de aplicativos alternativos considerados confiáveis. Entre eles estão o Microsoft Teams, o Wickr da Amazon, o Signal, o iMessage e o FaceTime da Apple. Para quem entende minimamente de tecnologia, algo salta aos olhos: essas recomendações não deixam de apresentar certos paradoxos.

O Signal, por exemplo, apesar de elogiado por sua criptografia robusta, recentemente foi manchete por ter sido usado por Pete Hegseth, secretário americano da Defesa, para trocar informações sensíveis sobre operações militares no Iêmen. E também, o que é mais problemático ainda, um jornalista da revista The Atlantic acabou sendo incluído por engano em um desses grupos privados, o que gerou enorme polêmica na mídia. O próprio Pentágono, há alguns meses, havia alertado sobre uma vulnerabilidade crítica no Signal, explorada (segundo sua inteligência) por hackers russos.

A reação da Meta não demorou. Andy Stone, porta-voz da empresa-mãe do WhatsApp, contestou veementemente a proibição, afirmando estar “em total desacordo” com a análise dos responsáveis pela cibersegurança da Câmara. Segundo a Meta, a criptografia de ponta a ponta ativada por padrão no WhatsApp garantiria uma segurança superior à oferecida por muitas das alternativas oficialmente recomendadas pelo Escritório de Cibersegurança. Como vimos, ele não está totalmente errado.

“Sabemos que os parlamentares e suas equipes utilizam regularmente o WhatsApp”, insistiu a Meta em sua resposta. A empresa espera convencer a Câmara a reverter essa decisão e seguir o exemplo do Senado, onde o WhatsApp continua, por enquanto, oficialmente autorizado.

WhatsApp entra na longa lista de proibições digitais americanas

A proibição do WhatsApp não é um caso isolado, mas o mais recente episódio de uma longa série de restrições tecnológicas nos Estados Unidos. Anteriormente, o TikTok já havia sido banido dos dispositivos governamentais americanos, assim como várias ferramentas baseadas em inteligência artificial, como o DeepSeek, o ChatGPT em sua versão gratuita e o Microsoft Copilot. Em todos os casos, os mesmos motivos são alegados: falta de transparência e temor de espionagem.

No plano internacional, essa decisão americana se insere em uma tendência mais ampla. Recentemente, a Escócia proibiu o uso do WhatsApp por seus funcionários, mas por motivos ligeiramente diferentes, relacionados à exclusão não controlada de mensagens importantes durante a gestão da crise da Covid. A desconfiança em relação aos aplicativos de mensagens privadas, portanto, parece se espalhar pouco a pouco em escala mundial.

Por trás dessa proibição altamente divulgada, existe toda uma filosofia de uso de aplicativos digitais por instituições oficiais que está sendo colocada em xeque. As autoridades buscam um equilíbrio entre segurança absoluta e a necessidade de uma comunicação rápida e fluida. Essa busca revela a fragilidade intrínseca do digital: mesmo os aplicativos mais conceituados e amplamente adotados não são perfeitamente confiáveis.

Este texto foi traduzido/adaptado do site JVTech.

Inicio