Imagine a cena: a adrenalina sobe, seu coração dispara, você acabou de ser assaltado. Mas, em vez de fugir com seu precioso smartphone, o assaltante para, lança um olhar de desprezo e… devolve o aparelho. Isso não é uma esquete de comédia, mas sim a realidade vivenciada por muitos londrinos nos últimos meses. O mercado negro tem sua própria lógica, e parece que os smartphones Android, por mais sofisticados que sejam, não são mais populares entre os criminosos britânicos.
Esta é, sem dúvida, a história mais inusitada do ano na seção de notícias de tecnologia, conforme revelado pelo veículo de comunicação Londoncentric. Sam, um londrino de 32 anos, teve uma experiência traumática que terminou em farsa. Enquanto caminhava pelo sul de Londres, ele se viu cercado por oito homens. Uma situação aterrorizante em que teve que entregar tudo o que possuía.
Mas o final é surreal. Enquanto a quadrilha fugia, um dos membros voltou para devolver o telefone. O motivo dado pelo ladrão? Tudo pode ser resumido em quatro palavras:
"Eu não quero um Samsung".
Sam não é um caso isolado. Mark, outro morador da capital, passou por uma situação semelhante que ilustra perfeitamente esse fenômeno da seleção natural tecnológica. Enquanto estava sentado em Hackney, um ladrão em uma bicicleta elétrica apareceu de repente e arrancou o aparelho de suas mãos.
Mark relata essa perseguição, tão breve quanto inesperada:
"Não entendi imediatamente o que estava acontecendo, mas assim que entendi, corri atrás dele".
Sejamos honestos, perseguir uma bicicleta elétrica é muitas vezes uma missão impossível. Mark tinha pouca esperança, até que o ladrão percebeu seu "erro".
"Eu o vi parar, olhar para o meu celular e jogá-lo no chão. Ele fugiu de bicicleta e eu recuperei meu celular".
O aspecto mais irônico, ou talvez o mais triste, dependendo da perspectiva, é o sentimento resultante. Mark admite, com um toque de humor, que se sente quase "rejeitado". Seu celular não sofreu danos físicos, mas seu ego ficou um pouco abalado. É um mundo de cabeça para baixo: você acaba se sentindo quase ofendido por não ser "lucrativo" o suficiente para ser roubado.
Domínio da Apple no Mercado Negro
Por que tanto desprezo por dispositivos que, tecnicamente, às vezes valem mais do que o iPhone mais recente? Um Samsung Galaxy S25 Ultra, por exemplo, é revendido por entre € 899 e € 1.000 (entre R$ 5,5 mil e R$ 6,2 mil) no Back Market. Mesmo assim, na "economia subterrânea", ele não tem a menor chance contra um produto da Apple.
Não se trata de facilidade de invasão. Seja iOS ou Android, sistemas de bloqueio remoto (como o modo antirroubo do Android 15 ou as soluções Samsung Knox) tornam os dispositivos praticamente inutilizáveis após o roubo. Jake Moore, especialista em segurança cibernética da ESET, explica que a motivação é puramente financeira.
Ele disse ao Londoncentric:
"Dispositivos da Apple têm um valor de revenda maior, e faz mais sentido econômico visar esses telefones mais procurados do que modelos mais baratos com um preço de revenda menor [...] Fundamentalmente, é o valor de revenda que mais interessa aos ladrões".
É preciso dizer que a Samsung, assim como outras marcas Android, oferece uma ampla gama de modelos que costumam ser baratos e acessíveis, enquanto o iPhone mais barato lançado recentemente ainda custa mais de € 700 (cerca de R$ 4,3 mil). Tecnicamente, há uma chance maior de conseguir um bom preço de revenda para um iPhone do que para um smartphone Android, a menos que você encontre um modelo topo de linha recente.
Outra testemunha relata como escapou de um roubo graças a um simples aplicativo de música. Um homem o abordou de maneira muito amigável, alegando que queria lhe apresentar suas músicas no Spotify. Uma técnica clássica para fazer a vítima desbloquear o telefone e ficar com ele.
Mas assim que o assaltante viu a interface do Samsung Galaxy de Simon, a atmosfera mudou completamente. O interesse desapareceu instantaneamente.
Portanto, no fim das contas, a melhor maneira de evitar o roubo do seu smartphone parece ser simplesmente possuir um modelo Samsung ou de outra marca com sistema Android.
Imagem de capa | Freepik
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