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Stellantis desiste de produzir Peugeot e Citroën movidos a hidrogênio

Por falta de perspectivas econômicas e industriais viáveis, grupo abandona essa tecnologia

Tecnologia do hidrogênio passou a ser uma grande dúvida / Imagem: JVTech
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Victor Bianchin

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Victor Bianchin é jornalista.

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A Stellantis, controladora das marcas Peugeot e Citroën, anunciou na quarta-feira, 16 de julho, a interrupção imediata de seu programa de desenvolvimento de veículos utilitários a hidrogênio. A produção em série, que deveria começar neste verão nas unidades de Hordain (França) e Gliwice (Polônia), nunca acontecerá.

O grupo explica que deixou de acreditar na rentabilidade dessa tecnologia em um mercado considerado muito restrito e mal preparado. “O mercado de hidrogênio continua sendo um segmento de nicho, sem perspectivas de rentabilidade econômica no médio prazo”, afirma Jean‑Philippe Imparato, diretor de operações para a Europa ampliada.

A Stellantis aponta a ausência de uma rede de abastecimento decente, os custos de desenvolvimento muito elevados e o apoio político insuficiente. Nas entrelinhas, é todo o ecossistema da mobilidade a hidrogênio que está na mira: baixos rendimentos, produção de hidrogênio ainda majoritariamente fóssil, preços nos postos pouco atraentes e estações de reabastecimento raras demais para permitir um uso diário.

Até recentemente, o grupo ainda considerava o hidrogênio como uma opção promissora para utilitários leves. Essa guinada repentina destaca o beco sem saída tecnológico e econômico em que esse segmento se enfiou. Agora, a prioridade voltam a ser os motores elétricos a bateria e os híbridos plug-in, duas opções já integradas na estratégia de baixo carbono da montadora.

O impacto atinge até a Symbio

Essa decisão também fragiliza o futuro da Symbio, a joint venture entre Stellantis, Michelin e Forvia dedicada à célula a combustível. O grupo admite que há discussões em andamento com seus parceiros para “avaliar os impactos da conjuntura atual”. A Michelin, por sua vez, já iniciou um recuo estratégico, seguindo o exemplo de Toyota, Hyundai e Hype, que recentemente reduziram ou até abandonaram seus investimentos nessa tecnologia. O destino da Symbio dependerá, portanto, do compromisso financeiro e industrial dos outros dois acionistas.

Essa reorientação ocorre em um contexto difícil para a Stellantis, que enfrenta uma dupla pressão: a da rentabilidade imediata e a dos objetivos climáticos. O grupo agora insiste em soluções “realistas e acessíveis” para cumprir as normas de CO₂, mesmo que para isso precise abandonar inovações caras sem um mercado maduro. Essa mudança de rumo acontece poucos dias após o recall massivo de 636 mil veículos equipados com o motor 1.5 BlueHDi, atingindo diretamente Peugeot, Citroën, Fiat e Opel. Uma sequência que confirma um período de turbulências técnicas e industriais para o grupo.

Este texto foi traduzido/adaptado do site JVTech.

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