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Estados Unidos têm plano ambicioso para bombardear a fronteira com o México: com moscas

  • Isso é parte do plano para conter a praga da “mosca da bicheira”.

  • Para esterilizar as moscas, eles não usam modificação genética.

Imagem | Pexels
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PH Mota

Redator
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PH Mota

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Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

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Os Estados Unidos querem conter a Cochliomyia hominivorax, uma mosca que, quando está no estágio larval, causa uma doença parasitária que afeta principalmente o gado (embora também possa afetar humanos). O plano envolve uma solução curiosa: lançar milhões de moscas estéreis para conter sua expansão. O interessante é que isso não será feito por meio de edição genômica, e sim com uma tecnologia de décadas atrás.

Raios-X e aviões leves

O objetivo da iniciativa é conter a disseminação da praga e, para isso, o que farão é esterilizar milhões de moscas. Como? Com uma tecnologia usada desde os anos 1970 para combater essa praga: os raios-X. Após a criação das larvas e sua transformação em pupas, elas são colocadas dentro de um cilindro metálico que é introduzido em uma câmara de irradiação gama, com uma dose entre 40 e 65 Gray, suficiente para alcançar 95% de esterilidade sem comprometer sua sobrevivência.

Recipiente (à esquerda) que é inserido na câmara de irradiação (à direita)

Uma vez esterilizadas, elas devem ser enviadas às áreas afetadas, neste caso, o sul do Texas e o México. Para garantir que cheguem no estágio correto, as pupas são mantidas a 10 graus, de forma a desacelerar sua metamorfose em adultos. Elas são liberadas de aviões e, quando a temperatura aumenta, surgem os machos estéreis.

Por que não moscas transgênicas?

Esterilizar insetos por radiação tem eficácia comprovada há décadas. A modificação genética é potencialmente mais barata e eficiente, mas ainda está em fase experimental e não está pronta para produção em larga escala. Além disso, há a questão da regulação, que é mais complexa nesse caso, pois exige aprovações de dois países: os Estados Unidos e o México. O marco legal atual sob o qual se liberam insetos estéreis não contempla modificação genética, e obter aprovação pode levar anos e custar milhões de dólares.

A ameaça

A chamada “mosca da bicheira” é uma espécie devastadora, especialmente para a pecuária. As fêmeas depositam seus ovos em feridas e mucosas dos animais e, ao eclodirem, as larvas começam a se alimentar da carne, provocando lesões que se tornam fatais. Segundo o chefe da Associação Médica Veterinária Americana, elas podem matar uma vaca de 450 quilos em duas semanas. Essa praga afeta principalmente países da América do Sul, mas não é a primeira vez que os Estados Unidos precisam lidar com ela; em 1966, já haviam erradicado a espécie, e em 2017 houve um pequeno surto nas Florida Keys.

Há pressa

Embora a redução de custos da técnica transgênica soe atraente, a realidade é que não há tempo a perder. A mosca da bicheira reapareceu no sul do México e, embora ainda não tenha sido detectada próxima à fronteira, os Estados Unidos não querem correr riscos. Além da liberação das moscas estéreis, também serão adotadas outras medidas, como o reforço dos controles sobre a transferência de animais, a colaboração com o México para aprimorar a vigilância e o fornecimento de armadilhas para capturar larvas.

Imagem | Pexels

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