Lembre-se: houve um tempo, não tão distante, em que a nobreza mecânica era um critério essencial na compra de um carro de luxo, especialmente um sedã. Modelos franceses como Citroën C6, Peugeot 607 e Renault Vel Satis tinham suas linhas coroadas por um motor V6. Do outro lado do rio Reno, era a extravagância: Audi, BMW e Mercedes ofereciam cada uma delas motores de 12 cilindros para o topo de suas gamas. Até a generalista Volkswagen ousou com um W8 na Passat familiar e até um V10 a diesel na Phaeton e no Touareg. Estes últimos também podiam receber o W12, presente sob o capô da prima Audi A8 e da família Bentley Continental.
V12 em extinção
Hoje, esses tempos ficaram para trás. A era é do downsizing, com motores de cilindrada cada vez menor, turbinados para reduzir consumo e emissões, sob a pressão de normas ambientais cada vez mais rigorosas. No grupo Volkswagen, o W12 foi abandonado, inclusive na Bentley. A BMW fez o mesmo ao não renovar o V12 da M760i na geração atual da Série 7. Apenas sua filial Rolls-Royce ainda mantém essa motorização. No entanto, a Mercedes, segundo declarações de seu CEO Markus Schäfer no Salão de Munique, pode prolongar a vida do V12 no topo de sua gama — mas não sem condições.

Um V12, sim, mas talvez não para todos
Hoje, o último V12 disponível na Mercedes está sob o capô da Maybach S680. Ele já não é oferecido em uma Classe S convencional. Com 305 g de CO₂/km e 70.000 euros de imposto sobre emissões no mercado francês, fica fácil entender o motivo. Exceto pela versão AMG com seu V8 biturbo, a Classe S agora só está disponível com seis cilindros micro-híbridos ou híbridos plug-in.
Tudo indicaria que o V12 da Maybach estaria condenado, especialmente com a entrada em vigor da norma Euro 7, prevista para o final do próximo ano. No entanto, Markus Schäfer anunciou que esse tipo de motorização vai perdurar. No mercado europeu, ele poderá sobreviver graças a uma configuração híbrida. Nos EUA, Ásia e Oriente Médio — regiões ainda fãs desse tipo de motor e que não aplicam políticas tão restritivas — o V12 poderia até dispensar essa assistência.
Mercedes, novamente defensora das belas mecânicas
Não é a primeira vez que a marca de Stuttgart se destaca dessa forma. Embora atualmente ofereça diversos modelos eletrificados, ela continua a disponibilizar uma ampla gama de versões de alto desempenho com motorização a combustão. A recepção morna da C63 AMG, equipada com um motor de quatro cilindros herdado da A45 AMG combinado a um motor elétrico, pode até levar a marca a rever essa configuração na versão reestilizada desse sedã esportivo.
A Mercedes, portanto, opta por nadar contra a corrente. Em 2025, mesmo que isso não garanta o sucesso comercial dos modelos em questão, ao menos poderá assegurar a manutenção de uma imagem de marca sólida junto aos entusiastas de belas mecânicas.
Este texto foi traduzido/adaptado do site L’Automobile Magazine.
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