Há um motivo evidente que continua freando as vendas de carros elétricos na Espanha: a suposta falta de carregadores. Na Xataka já mostramos que não se trata tanto de escassez de estações, mas sim de sua evidente invisibilidade e de falta de confiança em sua confiabilidade, gerando dúvidas em quem pensa em fazer a transição.
Em nossa viagem de Berlim a Madri a bordo de um Tesla Model 3, constatamos que a Europa está bem equipada com carregadores de todo tipo — dos rápidos, que permitem recarregar enquanto você almoça, aos ultrarrápidos, que colocam o carro pronto em poucos minutos.
Mas, por melhor que seja a infraestrutura europeia, em muitas outras regiões do mundo as facilidades não chegam nem perto. Basta olhar para os Estados Unidos, onde a rede de recarga ainda é mais escassa e pouco confiável, retardando a adoção da tecnologia.
Então, será que podemos viajar a qualquer lugar do mundo num carro elétrico? Poderíamos reproduzir a façanha daquele influencer que levou seu Fiat Marea até o Japão desde a Espanha? E se quiséssemos ir até o Everest em um veículo elétrico?
O senso comum nos diz que não. Mas o senso comum, apesar de tudo, é apenas isso.
Um Tesla, um gerador e o teto do mundo
O que para muitos parece missão impossível, para outros é tão simples quanto tomar as medidas adequadas. Por isso, o dono de um Tesla Model Y não viu problema em pegar seu carro e seguir rumo ao Everest — e, se não encontrasse tomadas pelo caminho, ele mesmo as levaria. Como? Com um gerador elétrico movido a gasolina.
A história foi contada no CarNewsChina onde explicam que o proprietário criou sua própria versão de “autonomia estendida”. Instalou um gerador a gasolina de 8 kW na traseira do carro. Com ele em funcionamento, podia carregar a bateria do Model Y a uma potência semelhante à de uma tomada doméstica — cerca de 3 kW.
Segundo o site, nesse ritmo o Tesla recuperava 19 km de autonomia a cada hora, e, com o tanque cheio, era possível manter a recarga por até nove horas e meia. Em outras palavras, em capacidade máxima o gerador fornecia cerca de 180 km de autonomia ao veículo durante toda uma noite conectado.
Só assim foi possível atingir o condado de Lhatse, no Tibete, próximo ao Everest, a 5.300 m de altitude. A aventura e seus resultados podem ser vistos neste vídeo, onde o dono do carro conta sua experiência e demonstra o sistema em funcionamento.
Embora seja tentador chamar este Tesla Model Y de veículo de “autonomia estendida”, vale notar que ele não emprega a tecnologia como os híbridos plug-in tradicionais. Ele simplesmente usa o gerador como uma tomada móvel, alimentada por combustível fóssil.
Como funcionam os elétricos de autonomia estendida
Um carro elétrico de autonomia estendida é aquele que roda principalmente como elétrico e recorre à gasolina apenas pontualmente. Assim funciona, por exemplo, o Mazda MX-30. Nesse caso, o próprio veículo funciona como uma estação geradora: o motor a gasolina gera eletricidade, que vai para a bateria e alimenta os motores elétricos que movem as rodas.
Como o motor a combustão opera sempre em uma faixa de rotações específicas, seu rendimento é otimizado, e, mesmo com o motor ligado, a entrega de torque continua suave e característica de um elétrico.
Na China, esses modelos de “nova energia” (NEV) são tratados como carros elétricos puros, apesar de serem híbridos plug-in que emitem CO₂ e outras partículas.
Foto | @xiamo
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