Uma aposentada ganhou 83,5 milhões na loteria, mas o governo não permite que ela receba o dinheiro porque a aposta foi feita em um aplicativo online

O governo da Espanha vai controlar a venda de bilhetes pela internet para evitar fraudes

Espanha quer tirar dos governos municipais direito de vender bilhetes de loteria / Imagem: OpenAI
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Victor Bianchin

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Victor Bianchin é jornalista.

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No dia 17 de fevereiro, uma aposentada do Texas acessou seu aplicativo habitual de loteria para comprar 10 combinações de 20 dólares. Naquela mesma noite, teve a maior alegria de sua vida ao descobrir que havia ganhado 83,5 milhões de dólares. No entanto, a alegria não durou muito, pois, apenas alguns dias depois, a Comissão de Loteria anunciou a proibição imediata desse tipo de aplicativo e reteve o pagamento do prêmio.

Após ela processar a Comissão de Loteria por ter congelado seu pagamento e “mudado as regras depois do jogo”, o dinheiro está em um limbo legal. Além disso, o aplicativo lavou as mãos suspendendo suas operações no estado do Texas. É um caso que demonstra bem o caos em que se transformou a venda de bilhetes de loteria pela internet.

O problema das loterias pela internet na Espanha

No dia 23 de maio, a Sociedade Estatal de Loterias e Apostas do Estado (órgão espanhol) levou o debate para a Espanha ao anunciar a criação de um canal único de venda pela internet, que seria gerido por eles mesmos, com a mesma intenção do que ocorreu no Texas: frear possíveis fraudes e a compra massiva de números destinada a lavar dinheiro ou financiar atos ilícitos.

O problema é que, na tentativa de buscar alternativas válidas diante da paralisação causada pela pandemia, mais de 4.000 governos locais se viram obrigados a criar seus próprios sites e apps, além de se associarem a canais adicionais como TuLotero ou Lotopía para poder continuar vendendo números nesse modelo de negócio online (que não parou de crescer desde então).

A questão é que, apesar de haver um regulamento específico para venda online que exige autorização da SELAE, não existem critérios específicos que impeçam ações como lavagem de dinheiro ou venda para menores, o que parece ter levado a Loterias e Apostas do Estado a criar essa nova plataforma única, que já foi aprovada pelo Supremo Tribunal.

Como a receita de vendas pela internet gira em torno de 1 bilhão de euros anuais, representando 10% do faturamento total (o que, para algumas cidades, chega a 30% da receita), as associações de lotéricos criticam a medida. Elas temem que possam ocorrer até 1.000 fechamentos e demissões em massa caso percam o canal online e não aumentem suas comissões, que atualmente estão em 4%.

Alertam que a SELAE já controla o monopólio do produto, mas não da sua comercialização, e que transferir essa possibilidade para os canais online os deixa em uma situação muito complexa, que ainda prejudicaria todo o investimento que fizeram nessas plataformas durante a pandemia. Diante desse cenário, a possibilidade de que, no futuro, um bilhete de loteria comprado pela internet não possa ser resgatado por questões legais ou suspeitas de fraude é cada vez maior.

Imagem | OpenAI

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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