Um Boeing 787 Dreamliner da Air India que fazia o voo entre Ahmedabad e Londres Gatwick caiu pouco depois de decolar nesta quinta-feira (12/6). Segundo a Reuters, havia 242 pessoas a bordo e as autoridades acreditam que mais de 200 podem ter morrido.
As operações de resgate e identificação ainda estão em andamento, e uma investigação foi iniciada, podendo durar meses.
O acidente voltou a colocar a Boeing no centro das atenções, em um momento em que a empresa ainda enfrenta as consequências de problemas anteriores, principalmente com sua linha de aviões 737 Max.
O 787 Dreamliner é um modelo chave para a Boeing, e até agora não havia tido acidentes fatais. Foi uma das maiores apostas tecnológicas da empresa neste século. Conforme a própria Boeing conta, ele entrou em operação em 2011 com a All Nippon Airways e, desde então, já foram entregues mais de 1.000 unidades para companhias aéreas ao redor do mundo.
O modelo está presente em frotas de empresas como Qatar Airways, British Airways, Singapore Airlines e Air India, que opera cerca de 30 unidades.
Os registros da Aviation Safety Network mostram que, até o acidente do voo AI171, o Dreamliner não havia tido nenhum acidente fatal em voos comerciais. Essa trajetória ajudou a consolidar sua imagem como uma aeronave moderna, eficiente e confiável para rotas longas.
Segundo o FlightGlobal, com base em dados da Cirium, o avião envolvido foi entregue à Air India em janeiro de 2014. Ele acumulava mais de 41 mil horas de voo e cerca de 8 mil ciclos de decolagem e pouso, números normais para um aparelho dessa idade.

O 787 marcou uma virada na forma de fabricar aviões comerciais. A Boeing explica em um documento sobre suas iniciativas de inovação que esse foi o primeiro modelo da empresa projetado do zero com uma estrutura feita principalmente de materiais compostos, como plásticos reforçados com fibra de carbono.
Isso permite uma economia de cerca de 20% no peso em comparação com fuselagens tradicionais, o que resulta em menor consumo de combustível e maior autonomia de voo.

O 787 Dreamliner pode ser equipado com dois tipos de motores, dependendo da escolha da companhia aérea: os General Electric GEnx-1B ou os Rolls-Royce Trent 1000. Ambos têm características importantes em comum, como alto índice de bypass, menor consumo de combustível, redução de emissões e tecnologias avançadas, incluindo o uso de materiais compostos e peças impressas em 3D.
Sobre o acidente, o voo AI171 da Air India decolou do aeroporto internacional Sardar Vallabhbhai Patel, em Ahmedabad, às 13h39, horário local, com destino a Londres Gatwick. Havia 242 pessoas a bordo, entre passageiros e tripulação.
Só um minuto após a decolagem, o sinal do avião desapareceu dos sistemas de rastreamento, quando a aeronave estava a cerca de 190 metros de altura. Segundo a Autoridade de Aviação Civil da Índia, o avião chegou a emitir um pedido de socorro (mayday), mas não houve resposta depois disso.

O avião caiu numa área residencial em Meghani Nagar, na parte oeste da cidade, e bateu em um prédio usado como moradia para médicos. Imagens divulgadas pelas autoridades mostram a cauda da aeronave presa na estrutura do prédio.
Até agora, as autoridades confirmaram a recuperação de pelo menos 200 corpos e levaram vários feridos para hospitais da região. No começo, temia-se que não houvesse sobreviventes, mas depois foi confirmado que pelo menos uma pessoa sobreviveu: um cidadão britânico, segundo informações de veículos locais como o Hindustan Times.
Entre os passageiros estavam 169 indianos, 53 britânicos, sete portugueses e um canadense. A Air India ativou um centro de atendimento emergencial e montou uma equipe de suporte para as famílias.
O aeroporto de Ahmedabad suspendeu temporariamente suas operações.
Horas após o acidente, a Boeing divulgou um comunicado oficial dizendo que está em contato com a Air India e que ativou seus protocolos de assistência técnica. A empresa disse estar pronta para apoiar a companhia aérea e expressou condolências às famílias das vítimas e ao pessoal envolvido nas operações de resgate.

Até agora, o Boeing 787 não tinha registro de acidente mortal em voos comerciais. Mas esse acidente acontece num momento complicado para a Boeing. A empresa ainda enfrenta pressão de órgãos reguladores e do mercado por problemas em outras linhas de aviões, principalmente o 737 Max.
Entre 2018 e 2019, dois acidentes com o 737 Max, na Indonésia e na Etiópia, mataram 346 pessoas e levaram à paralisação mundial da frota. Mais recentemente, em janeiro de 2024, uma peça da porta de um 737 Max 9 operado pela Alaska Airlines se soltou durante o voo, levantando dúvidas sobre a qualidade da fabricação e a supervisão da empresa.
Ainda é cedo para saber o que exatamente aconteceu com o voo AI171. Investigar acidentes assim leva tempo, envolve análises técnicas e cooperação entre países. Por enquanto, não há provas suficientes para culpar nem a companhia aérea nem o fabricante.
O que vai ajudar a entender o que aconteceu são as caixas pretas, que já foi encontrada. Até lá, qualquer conclusão é precipitada.
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