Fabrício Mainenti
RedatorA Ninja 7 Hybrid foi lançada em abril de 2024 por € 13.250 (cerca de R$ 82,1 mil). Era a oferta mais ambiciosa e tecnologicamente avançada da Kawasaki em anos: um selo ECO, consumo de combustível ridiculamente baixo e aceleração que a marca comparou a "uma 1.000 cc e uma 250 cc combinadas". Essas não são nossas palavras, mas sim da sua apresentação no Japão.
Um ano e meio depois, o cenário é bem diferente: de acordo com o configurador da própria Kawasaki, entre o desconto direto, o plano Kawa-GO! e o seguro gratuito, a moto agora custa € 7.010 (cerca de R$ 43,4 mil). Sete mil euros. Metade do preço de lançamento. E esse tipo de redução de preço geralmente não acontece quando um produto está tendo um bom desempenho.
A híbrida da Kawasaki e o problema da adequação ao mercado
É uma redução de preço que, em motocicletas com motor a combustão, geralmente só acontece pouco antes de um modelo ser descontinuado ou o estoque acumulado ser liquidado. Mas esta não é uma moto antiga (tem apenas um ano e meio), nem se trata de uma reformulação de despedida: esta é a primeira híbrida produzida em massa, apresentada como o futuro.
Já havia sinais disso em 2024
Cinco meses após o lançamento, em setembro de 2024, a Kawasaki reduziu o preço de suas híbridas em mais de € 3 mil (cerca de R$ 18,6 mil). Mesmo assim, foi um aviso: uma motocicleta recém-lançada não deveria, logicamente e em teoria, precisar de um impulso comercial tão grande para decolar. Hoje, essa redução de preço dobrou, levando o valor para € 7 mil (cerca de R$ 43,4 mil).
Nada parecido aconteceu na linha de híbridas recente. Nem em nenhuma outra, pelo que nos lembramos.
Tudo bem que é novembro, não é mais apenas a semana ou o dia da Black Friday, agora se intensificou durante todo o mês, mas essa premissa não se sustenta; afinal, nenhuma outra motocicleta da linha tem um desconto tão grande que a reduza a quase metade do preço. Nenhuma. E você pode verificar aqui.
A moto permanece a mesma: um motor bicilíndrico de 451 cc que produz 58 cv, um motor elétrico de 12 cv que oferece um verdadeiro modo híbrido, e-Boost de 5 segundos, transmissão manual ou automática com paddle shifters e o selo ECO. No papel, é um produto interessante, bastante diferente de qualquer outra naked de média cilindrada.
Mas parece que o mercado ainda está com dificuldades para posicioná-la. Não se trata de uma questão de desempenho, mas sim de como ela se encaixa: muitos motociclistas veem uma híbrida de 70 cv que, na prática, custa o mesmo que uma Yamaha MT-09 SP (€ 12.999 / R$ 80,6 mil, ou até menos) antes dos descontos, como uma naked de 120 cv com componentes de ponta.
E quando se considera uma motocicleta chinesa totalmente equipada como a CFMOTO 700MT, que custa cerca de € 6.995 / R$ 43,3 mil (preço padrão, antes dos descontos), com um motor maior e um foco mais voltado para o turismo, a posição da híbrida fica ainda menos clara.
Quando um comprador não está convencido, a única opção restante é baixar o preço para vender mais. Essa não é apenas a nossa ideia: no mundo dos negócios, existem abordagens como a precificação baseada em valor e a heurística preço-qualidade que defendem exatamente isso.
Elas argumentam que, se um produto não está vendendo, o problema não é o preço, mas sim o fato do público não compreender totalmente o valor que ele oferece. Fora que uma queda brusca de preço pode, na verdade, gerar mais dúvidas do que soluções.
O preço oficial permanece € 13.250, mas a motocicleta está sendo vendida por € 7.010. A marca está mantendo o projeto vivo, mas o mercado já deu seu veredito: a Ninja 7 Hybrid só vende quando o preço cai para um patamar que faz as pessoas esquecerem que ela nasceu como uma revolução… e acabou se tornando um experimento caro que agora está sendo liquidado pela metade do preço.
Se estivesse vendendo como água, provavelmente o preço não cairia, como já acontece com a maioria dos produtos da marca. A Z900, uma das motocicletas mais bem-sucedidas e mais vendidas do mundo, raramente custa menos de € 9.000 a € 9.500 (cerca de R$ 55,8 mil a R$ 58,9 mil), por exemplo.
Imagens | Kawasaki
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