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Dois motociclistas passaram 24 horas em cima de motos para desmistificar um mito da Ducati; acabaram quebrando um recorde

Os pilotos completaram 1.462 km em 24 horas em cascalho com uma Ducati Scrambler de produção, quebrando o recorde off-road com método e paciência

Imagens | World Guinness Record
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Fabrício Mainenti

Redator

Silvio Sabba e Valerio Boni chegaram a Tenuta Roverbella (perto de Milão) com uma ideia simples: passar as últimas 24 horas com uma Ducati Scrambler Full Throttle original e ver até onde o contador ia.

O circuito era minimalista, com cerca de 600 metros de extensão, com duas curvas fechadas que hipnotizam na terceira volta. Vertigem garantida. Era justamente aí que estava a diversão: ritmo constante, sem frescuras e uma moto saindo da concessionária. Eles conseguiram 24 horas depois.

1.462 km, 1.158 voltas e dois furos depois

A largada foi às 14h42. Nas primeiras horas, tudo correu bem, até que um furo no pneu traseiro os obrigou a parar, trocar de moto e incorrer em uma penalidade de 15 minutos. Naquela noite, ocorreu outro furo. Desta vez, eles o protegeram com selante e seguiram em frente. O objetivo não era mais ir mais rápido, mas sim não quebrar nada. O recorde anterior, cerca de 650 km, caiu antes da meia-noite. Daí em diante, foi cabeça fria e mãos macias.

O procedimento foi o de uma tentativa séria: testemunhas, cronometragem contínua e controle técnico seguindo os padrões do Guinness World Records. A validação oficial está em andamento, mas o grande número já chegou: 1.462,114 km em 24 horas, a uma média de 60,94 km/h em terreno irregular, com buracos, pedras e milhares de reduções de marcha. Na verdade, eles calcularam mais de 14 mil trocas de marcha. Sim, 14 mil!

A motivação não era ajustar nada, muito pelo contrário. Eles queriam mostrar que uma moto completamente padrão pode suportar tal abuso se você não se esforçar ao máximo. Boni foi direto: "Queríamos mostrar que uma moto padrão, com pneus originais, poderia suportar 24 horas de castigo contínuo." E Sabba concluiu com a distribuição de papéis: "Eu fiz a parte mais explosiva e competitiva, e Valerio garantiu a consistência. Entre furos e curvas fechadas, conseguimos construir um recorde limpo e repetível."

Imagens | World Guinness Record

O contexto importa

No asfalto, vimos atrocidades como a Triumph Tiger 1200 de Iván Cervantes, percorrendo mais de 4 mil km em 24 horas; no cascalho, a história foi diferente. Aqui, não havia rodovia, nem aerodinâmica, nem velocidade máxima: apenas gerenciamento de tração, impactos e fadiga volta a volta. O fato do recorde anterior ter sido menos da metade diz tudo.

Não havia mágica, apenas método. Um layout compacto para controlar variáveis, dois pilotos se revezando, um plano de pit stop bem pensado para manter o ritmo e muita paciência. Quando o cronômetro ultrapassou o recorde anterior, eles reduziram uma marcha na frente, monitoraram as temperaturas e terminaram com uma margem de segurança. Apenas o suficiente para uma Scrambler de produção sair da corrida com mais créditos do que havia entrado.

Os números, sem rodeios: 1.462,114 km, 1.158 voltas, 24 horas seguidas, velocidade média de 60,94 km/h e mais de 14 mil trocas. Dois furos, uma troca de moto e nenhuma desculpa. Tudo o que eles queriam provar era que isso também é possível com uma moto de produção.

Imagens | Recorde Mundial do Guinness

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