Alguns novos carros, incluindo elétricos, são vendidos sem estepe, mas isso é permitido?

Resolução do Contran esclarece: veículo pode ter roda temporária, kit de reparo ou até pneu run flat, desde que siga regras específicas

Crédito de imagem: Heritage Art/Heritage Images via Getty Images
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João Paes

Redator
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João Paes

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Escreve sobre tecnologia, games e cultura pop há mais de 10 anos, tendo se interessado por tudo isso desde que abriu o primeiro computador (há muito mais de 10 anos). 

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Se você já abriu o porta-malas de um carro novo e encontrou apenas um compressor portátil e uma garrafinha de selante, saiba que não está diante de um erro de fábrica. A ausência do estepe tradicional — aquele conjunto roda/pneu igual aos demais — está se tornando comum, especialmente em modelos importados. E, ao contrário do que muita gente imagina, isso não é ilegal.

A resposta está longe do Código de Trânsito Brasileiro, que não menciona o tema. É a Resolução 540/2015 do Contran que define o que vale como substituto do estepe. E, segundo ela, o carro precisa sim ter um sistema capaz de mantê-lo rodando após um furo — mas esse sistema pode assumir várias formas.

A lei permite três alternativas:

  • pneu sobressalente de uso temporário (o famoso “estepe fino”);
  • kit de reparo emergencial, composto por selante e compressor;
  • pneus run flat, que rodam mesmo furados.

Como o consultor automotivo Milad Kalume Neto explicou à Auto Esporte, não existe exigência de que o pneu reserva tenha as mesmas medidas dos demais. Basta que o conjunto mantenha o mesmo diâmetro externo do usado no veículo. É isso que garante que ele se encaixe corretamente no sistema de freios e suspensão, sem interferir na dirigibilidade.

O caso dos pneus run flat também está dentro da legislação. A tecnologia usa um selante e permite que o motorista siga viagem por alguns quilômetros, mesmo com perda de pressão. Como o kit já inclui produto vedante e um dispositivo capaz de inflar o pneu em até 10 minutos — exigência presente no artigo 9º do Contran —, tudo fica dentro da regra.

E onde o estepe deve ficar? Isso é decisão de cada fabricante. O artigo 4º da resolução apenas determina que o espaço reservado ao sistema de reserva não reduza a capacidade de ocupantes nem comprometa a segurança. Ou seja, pode estar no interior do porta-malas, pendurado na tampa traseira ou até debaixo do carro, como acontece com algumas picapes e SUVs.

No fim das contas, o que importa é que o carro tenha uma solução funcional para lidar com furos — mesmo que essa solução não seja o velho estepe que todo mundo cresceu acostumado a encontrar.


Crédito de imagem: Heritage Art/Heritage Images via Getty Images

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