A China percebeu que não basta vender de qualquer maneira na Europa: a chave para superar as marcas tradicionais é cuidar dos clientes

A partir de 2026, as marcas chinesas que quiserem exportar seus carros elétricos para a Europa e outros mercados terão que possuir licenças de exportação. Com isso, será solucionada uma das maiores carências dos carros chineses: a falta de peças de reposição

Montadoras chinesas / Imagem: Motorpasión
Sem comentários Facebook Twitter Flipboard E-mail
victor-bianchin

Victor Bianchin

Redator
victor-bianchin

Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

1228 publicaciones de Victor Bianchin

Os serviços pós-venda são essenciais para uma marca de carros em relação a seus clientes: permitem cumprir a garantia e asseguram as peças de reposição e a manutenção adequada dos veículos. Sem uma rede sólida, mesmo que um carro seja muito confiável, pode gerar desconfiança e afetar a reputação da marca.

Esse é um aspecto que pode frear os compradores europeus de decidirem adquirir um carro chinês em vez de um de uma montadora tradicional e consolidada. A China já é a maior exportadora de carros do mundo e percebeu que esse respaldo é essencial para os veículos que vende fora de suas fronteiras: a partir de janeiro de 2026, vai exigir licenças de exportação para seus carros elétricos.

Em 2024, a China exportou quase 5 milhões de automóveis, dos quais 1,65 milhão era elétrico. É quase o dobro do que vendeu em outros países em 2022. Cada vez vemos mais modelos chineses nas estradas europeias: eles convencem pelo preço competitivo em relação à tecnologia e ao equipamento que oferecem.

Mas outra coisa é conquistar a fidelidade. Para isso, é fundamental que o cliente tenha uma oficina autorizada por perto, seja para resolver uma avaria ou para realizar a manutenção. Ou então que um mecânico independente possa acessar rapidamente as peças de reposição.

Licenças de exportação

O Ministério do Comércio da China acaba de anunciar que, a partir de 1º de janeiro de 2026, todas as marcas deverão contar com licenças de exportação para seus modelos elétricos, assim como já acontece com os térmicos e híbridos. Segundo a normativa recém-apresentada, apenas os próprios fabricantes (ou suas empresas autorizadas) poderão solicitar essas licenças para levar seus carros a outros mercados.

A medida tem como objetivo restringir os exportadores não autorizados que vinham enviando carros elétricos a mercados estrangeiros sem oferecer suporte de pós-venda. Dessa forma, essa nova exigência garantirá o atendimento oficial de garantia e a disponibilidade de peças de reposição, evitando más experiências para os clientes.

Isso obriga os fabricantes chineses a seguir o caminho das marcas ocidentais, japonesas ou coreanas, padronizando seus processos de exportação e assegurando a qualidade de seus modelos. Tudo com o objetivo de gerar fidelidade e manter a confiança dos compradores.

O calcanhar de Aquiles dos carros chineses

Que um carro vá o mínimo possível à oficina é o ideal: por isso, os estudos ou pesquisas de confiabilidade, como os da J.D. Power e da Consumer Reports, são tão importantes. Também contam muito as opiniões de especialistas e mecânicos. No caso das marcas chinesas, a grande falha está justamente no acesso às peças de reposição, e também na rede de pós-venda: como são marcas emergentes, nem sempre há uma concessionária logo ali na esquina.

Segundo Kike Ferrer, os modelos chineses que estão chegando ao mercado europeu são tão confiáveis quanto os japoneses. Por isso oferecem garantias generosas, superiores à obrigatória. Para citar as mais vendidas, a MG e a Omoda oferecem sete anos e a BYD oferece seis, além de oito anos para a bateria. Mas o obstáculo continua sendo a disponibilidade de peças e a rede de pós-venda. O mesmo diz Carlos Pérez, entrevistado pelo La Vanguardia: ele também elogia a confiabilidade asiática em geral, mas destaca essa carência no caso dos chineses.

Um carro é o segundo maior investimento de um lar, ainda mais agora com os preços nas alturas. De nada adiantará para a BYD e a MG vender carros como água se, em alguns anos, os clientes reclamarem do calvário que é fazer a manutenção ou consertá-los na oficina.

Este texto foi traduzido/adaptado do site Motorpasión.


Inicio