Em carta enviada à Comissão Europeia no final de agosto, as organizações profissionais ACEA ( Associação Européia de Produtores de Carros) e Clepa (Associação Européia de Fornecedores de Carros) alertam para a impossibilidade de atingir o que consideram objetivos "rígidos". Segundo elas, forçar toda a inovação para 100% elétrico coloca em risco o principal setor industrial da Europa, já enfraquecido pela concorrência asiática. Ola Källenius, presidente da ACEA e chefe da Mercedes-Benz, acredita que a Europa deveria "copiar o manual chinês", combinando veículos elétricos e híbridos para reduzir as emissões de forma mais ampla. Matthias Zink, CEO da fornecedora Schaeffler e presidente da Clepa, concorda: "O que a China fez bem foi evitar a regulamentação baseada em tecnologia."
Bruxelas sob pressão
A Comissão Europeia já concedeu alguns relaxamentos, como a possibilidade de os fabricantes ampliarem o cumprimento das metas de emissões estabelecidas para 2025. Também impôs tarifas adicionais aos veículos elétricos chineses, que acusa de serem subsidiados e distorcerem a concorrência. Mas Bruxelas permanece inflexível, por enquanto, quanto à data de 2035, mesmo com profundas divisões no setor.

Enquanto a Mercedes-Benz vendeu apenas 8% de seus veículos 100% elétricos no primeiro semestre do ano, a BMW atingiu 18%, a Renault 16% e a Volkswagen 11%. Alguns players, como a Volvo Cars e a Polestar, alertam contra qualquer retração, sob o risco de desencorajar investidores e consumidores. De acordo com Chris Heron, secretário-geral da associação E-Mobility Europe, mais de cem líderes empresariais estão se preparando para publicar uma carta pedindo a Bruxelas que mantenha o rumo de 2035 sem concessões.
Na China, o ponto de inflexão já está em andamento: espera-se que as vendas de carros elétricos superem as de veículos de combustão interna este ano, aumentando a pressão sobre uma indústria europeia que permanece dividida sobre o caminho a seguir.
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