Quem disse que tecnologia é “coisa de homem”? Mulheres já ocupam mais de um terço dos cargos no setor

Relatório mostra avanço da presença feminina em cargos técnicos e de liderança

Mulher mexendo em computadores. Créditos:	Nitat Termmee/GettyImages
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Laura Vieira

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Laura Vieira

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Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

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A participação das mulheres no setor de tecnologia vem crescendo de forma constante nos últimos anos. Segundo o último relatório da Brasscom (Associação das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação), realizado em 2024, as mulheres representam 34,2% da mão de obra em setores de tecnologia no Brasil, uma porcentagem que vai contra a ideia de que a área da Tecnologia da Informação (TI) é “coisa de homem”.

O avanço também se reflete em uma outra área relevante: nas posições de liderança. A presença feminina em cargos de diretoria e gerência chegou a 34,1%, com um aumento de 1,6 ponto percentual entre 2019 e 2024. Apesar de o caminho ainda ser desafiador, o relatório aponta uma tendência positiva em direção à diversidade e à equidade de gênero dentro das empresas do setor.

Relatório revela a presença de mais mulheres em cargos técnicos e de liderança

O setor de tecnologia sempre foi dominado por homens, especialmente em cargos técnicos e de liderança, enquanto as mulheres enfrentavam barreiras para entrar e crescer nesse mercado. No entanto, parece que esse cenário está começando a mudar. Além da maior presença em cargos de gestão, as mulheres também estão conquistando o seu lugar em áreas técnicas, como TI e P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), que atingiram 28,1% de participação feminino, um crescimento que representa 4,6 pontos percentuais nos últimos cinco anos. Confira quais foram os principais avanços femininos apontados no relatório Brasscom:

  • 34,2% da força de trabalho de TI é composta por mulheres;
  • 34,1% das diretoras e gerentes no setor já são mulheres;
  • 28,1% das profissionais em áreas técnicas são mulheres;
  • A contratação de mulheres negras também aumentou 7,3%, superando o crescimento de homens negros (6%).

Giovana Grego Pinto, executiva de RH e fundadora do People Leap, explicou ao Xataka o que contribuiu para o avanço da presença feminina no setor de tecnologia: 

"Esse crescimento é resultado de políticas de incentivo, comunidades de aprendizagem e programas corporativos de diversidade, mas também reflete algo mais profundo: a expansão do próprio conceito de “trabalhar com tecnologia”. Há alguns anos, “mulher em tecnologia” significava, quase exclusivamente, mulheres formadas em Engenharia de Software, Ciência da Computação ou Sistemas de Informação. Hoje, a realidade é outra, pois a tecnologia deixou de ser um nicho e passou a integrar praticamente todas as áreas de negócio, como design e experiência do usuário (UX/UI), gestão de produtos digitais (apps, sistemas, plataformas), análise de dados e business intelligence, automação de processos e IA aplicada a RH, marketing e operações.

Mesmo que os números tenham avançado, o relatório mostra que a desigualdade ainda persiste, especialmente nos salários. Os homens recebem, em média, 37% a mais que as mulheres, uma diferença que é justificada por fatores como barreiras de ascensão, estereótipos e dificuldades de conciliar carreira e vida pessoal. Além disso, Giovana ressaltou algumas outras dificuldades que as mulheres enfrentam nesse meio:  

"A pesquisa Accenture e Girls Who Code mostra que 50% das mulheres deixam carreiras em tecnologia antes dos 35 anos, citando falta de representatividade, ambiente hostil e escassez de oportunidades de crescimento. Esses dados mostram que o setor ainda carrega traços de uma cultura historicamente masculina e competitiva, construída em torno da lógica da “performance técnica”.

Diversidade de gênero ganha espaço e impulsiona inovação no setor

Empresas que vêm investindo em diversidade de gênero e inclusão têm colhido resultados positivos, tanto na cultura interna quanto na inovação. De acordo com a People Leap, startup que descomplica processos de RH em startups de tecnologia, a ascensão de mulheres nessa área têm contribuído para mudanças na cultura organizacional e na dinâmica de trabalho dentro das empresas. Segundo eles, a diversidade de gênero tem se mostrado um fator diretamente relacionado à inovação, à produtividade e à tomada de decisão mais estratégica.

De acordo com Giovana, esse movimento de mais mulheres no setor é poderoso porque amplia a diversidade de pensamento, habilidades e abordagens dentro das empresas. Ela pontuou três novos traços da presença feminina na cultura organizacional: 

Mais colaboração e empatia: o estilo de liderança das mulheres tende a ser mais inclusivo e participativo, favorecendo a segurança psicológica e troca de ideias;

Maior foco em propósito e impacto: a visão de que tecnologia deve resolver problemas reais, e não apenas entregar código, vem ganhando força;

Evolução de políticas internas: parentalidade, flexibilidade e bem-estar se tornam pautas estratégicas, não apenas benefícios.

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