Apple abriu a caixa de Pandora que o Google vem evitando há anos e tudo pode mudar a partir de agora

  • Eddy Cue, vice-presidente da Apple, cogita romper o acordo bilionário com o Google

  • Pela primeira vez, surge uma alternativa real e viável para substituir o buscador padrão

Apple e Google navegador padrão. Imagem: Xataka
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Sofia Bedeschi

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Sofia Bedeschi

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Jornalista com mais de 5 anos de experiência, gamer desde os 6 e criadora de comunidades desde os tempos do fã-clube da Beyoncé. Hoje, lidero uma rede gigante de mulheres apaixonadas por e-Sports. Amo escrever, pesquisar, criar narrativas que fazem sentido e perguntar “por quê?” até achar uma resposta boa (ou abrir mais perguntas ainda).

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Tem mais de 100 bilhões de dólares em jogo: Apple pode romper parceria com o Google e Eddy Cue levanta a possibilidade e abala o modelo de negócios da gigante das buscas.

Estamos falando de muito mais do que os 20 bilhões de dólares anuais que o Google paga para ser o buscador padrão no Safari e nos iPhones. O que está em risco é o próprio modelo de negócios da empresa. A prova disso veio com a reação imediata do mercado: as ações da Alphabet caíram mais de 8% e a empresa perdeu mais de 150 bilhões de dólares em valor de mercado logo após a declaração bombástica de Eddy Cue. O vice-presidente da Apple afirmou que a empresa está considerando romper o acordo com o Google.

O cenário atual é delicado

Durante um julgamento antitruste, Eddy Cue explicou que "pela primeira vez em 22 anos", a Apple observou uma queda nas buscas feitas pelo Safari. A principal hipótese? A ascensão das buscas por inteligência artificial, que estaria mudando o comportamento dos usuários.

O Google não demorou para reagir. Em comunicado oficial, a empresa afirmou que "continuamos observando um crescimento geral nas consultas de busca. Isso inclui um aumento no número total de buscas vindas de dispositivos e plataformas da Apple".

Por que o acordo entre Google e Apple está por um fio?

Apesar de vantajoso para ambas, a parceria pode chegar ao fim em 2025 por pressão regulatória

À primeira vista, o acordo entre Google e Apple parece beneficiar as duas gigantes. Ter o Google como motor de busca padrão no Safari — considerando que o iOS tem uma fatia de 57% do mercado nos Estados Unidos — garante ao Google um alcance massivo. Por outro lado, segundo o próprio CEO do Google, Sundar Pichai, a empresa paga 36% da receita gerada no Safari diretamente para a Apple.

Esse benefício mútuo é o que sustentou a parceria por tantos anos. Mas 2025 pode marcar o fim desse acordo. O motivo? Ele está sendo considerado uma prática anticompetitiva. Derrubar esse contrato é, inclusive, uma das principais metas do processo antimonopólio que o Google enfrenta atualmente nos Estados Unidos.

Alternativas como OpenAI e Perplexity ganham força e colocam o domínio do Google em xeque

Segundo a Bloomberg, a Apple já está se movimentando para o caso de romper com o Google. A empresa estaria desenvolvendo alternativas para o Safari, e nomes como OpenAI e Perplexity já estão na mesa como possíveis novos motores de busca.

Pela primeira vez na história, opções reais começam a surgir para ocupar o espaço do Google. Em janeiro de 2025, a fatia de mercado do buscador caiu abaixo dos 90% pela primeira vez em uma década: um marco importante para a concorrência e um sinal claro de que o cenário está mudando.

Esse é o alcance do Google no universo das buscas

Um domínio absoluto que, por muito tempo, parecia inalcançável para qualquer concorrente. Mas isso mudou. A caixa de Pandora foi aberta.

Finalmente chegou o momento em que as alternativas ao Google mostram potencial suficiente para serem levadas a sério. Pela primeira vez, a Apple considera de forma concreta abandonar o buscador mais usado do planeta.

A participação de mercado de buscas mobile do Google permanece acima de 90%. OpenAI e Perplexity nem sequer estão na mira, mas já estão abalando as bases. A participação de mercado de buscas mobile do Google permanece acima de 90%. OpenAI e Perplexity nem sequer estão na mira, mas já estão abalando as bases.

Depois da Apple, pode vir a Samsung — e todo o resto

Uma vez que essa possibilidade foi aberta, as demais peças podem cair rapidamente. O Google mantém um acordo bilionário com a Apple, mas também tem contratos similares com outras gigantes da tecnologia.

No universo Android, o exemplo mais relevante é a Samsung. Em 2023, foi revelado que o Google pagou cerca de 8 bilhões de dólares à fabricante sul-coreana para garantir a presença da Play Store, do Google Assistente e do buscador padrão nos celulares da linha Galaxy.

Se a Apple decidir — ou for forçada — a romper seu contrato com o Google, nada impede que outros fabricantes sigam o mesmo caminho.

Não é só sobre buscas. É sobre Gemini.

A caixa de Pandora se abriu com as buscas, mas o jogo é muito maior. Os acordos entre o Google e os fabricantes não envolvem apenas o buscador padrão. Nos últimos meses, veio à tona que o Google também está pagando para que seu assistente com IA, o Gemini, seja integrado nativamente aos dispositivos. Um dos exemplos é a Samsung, que segundo a Bloomberg, firmou um acordo para que o Gemini venha pré-instalado nos celulares Galaxy.

Mas não para por aí. Enquanto a Apple avalia romper com o Google nas buscas, o novo objetivo da gigante das buscas é outro: o Gemini. E é aí que entra uma nova geração de acordos estratégicos. Além da Samsung, Sundar Pichai já deixou no ar que a integração do Gemini ao iPhone, dentro do Apple Intelligence, pode ser a grande reviravolta do ano.

O “vazio legal”: Google domina as buscas, mas ainda não domina a IA

O Google quer repetir a estratégia. No passado, pagava para ser o buscador padrão em iPhones e dispositivos Android. Agora, está pagando para que os fabricantes adotem o Gemini. A lógica é a mesma, mas o foco mudou. O alvo agora é o futuro da inteligência artificial, e quem controlá-la, pode dominar o mercado tech da próxima década.

Mas tem uma diferença importante. Enquanto o Google tem mais de 90% do mercado de buscas e enfrenta processos antitruste por isso, no campo da IA a situação é mais competitiva. O Google ainda não é dominante. Ferramentas como o ChatGPT da OpenAI ou o Perplexity oferecem concorrência real ao Gemini.

Isso explica por que o acordo sobre o buscador está sendo contestado judicialmente, enquanto os novos contratos envolvendo IA seguem livres. Por enquanto.

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