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Enquanto as empresas de tecnologia se concentram em IA, a Apple tenta causar disrupção no mercado de computadores

Tudo indica que a Apple fará em breve algo inédito em sua história: lançar um notebook econômico

Apple pode lançar notebook econômico / Imagem: Applesfera, Apple
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Victor Bianchin

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Victor Bianchin é jornalista.

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A Apple teve muito sucesso na transição para o Apple Silicon. Seus produtos, amplamente bem avaliados por potência e eficiência, venderam muito bem, fazendo com que a empresa passasse de 5,8% de participação no mercado mundial em 2020 para 8,7% no primeiro trimestre de 2025, segundo dados da IDC. Em Cupertino, querem mais, e o último plano para impulsionar as vendas passa por um MacBook mais barato.

Ming-Chi Kuo é um dos analistas com melhor histórico de acertos em relação a rumores de lançamentos da Apple e previu que a empresa prepara um “MacBook mais econômico” e colorido. Quanto à tela, não há surpresas: teria “aproximadamente 13 polegadas”. No entanto, ele aponta algo que a Apple ainda não havia feito: usar um processador de iPhone em um Mac. A Apple escolheria o A18 Pro, presente nos iPhone 16 Pro e 16 Pro Max.

O Digitimes, outro veículo com ótimas fontes sobre a Apple, vai além de Kuo e já sugere um preço tentativo para esse lançamento: 599 dólares. É o mesmo valor escolhido pela Apple para comercializar o Mac mais barato da história ajustado pela inflação, o Mac mini M4. E também o mesmo do iPhone 16e. Esse preço seria revolucionário para o mercado global de PCs, assim como tem sido para o de smartphones.

Para colocar os números em perspectiva: o MacBook branco, computador “barato” da Apple por excelência, foi lançado a 1.099 dólares em 2006, o que equivale a cerca de 1.700 dólares em 2025, ajustando pela inflação. Isso dá cerca de R$ 9,2 mil na cotação atual.

A Apple conseguiu conquistar uma fatia do mercado de PCs com notebooks muito competitivos em seu segmento, como os MacBook Air, especialmente agora que já vêm de fábrica com 16 GB de RAM. E isso foi feito sem equipamentos considerados econômicos, mas com os preços mais baixos de sua história. Lançando um MacBook econômico com preço similar ao do Mac mini, a Apple venderia entre 5 e 7 milhões de unidades em 2026, segundo Kuo.

O MacBook Air M4 parte de 999 dólares, o mesmo valor do M1 e de modelos anteriores com Intel. Mas, ajustando pela inflação, seu preço é menor que aqueles. O Mac mini M4 parte atualmente de 599 dólares, frente aos 825 dólares ajustados pela inflação do Mac mini original, que chegou ao mercado em janeiro de 2005 por 499. Esse é exatamente o preço pelo qual o mini M4 é comercializado para o mercado educacional, onde este novo equipamento teria enorme vantagem dadas suas capacidades.

“Um pesadelo para a Microsoft”

No Windows Central, eles têm isso claro. Os 599 dólares são uma má notícia para a Microsoft, que em outubro enfrenta um dos momentos críticos da década: o fim do suporte ao Windows 10, que ainda tem mais usuários que o Windows 11 em países como a Espanha, e centenas de milhões de usuários no mundo. Diante dessa situação, a orientação da Microsoft é clara: compre um novo PC.

No mercado, não há um PC que ofereça a leveza, potência e eficiência que a Apple pretende entregar em seu Mac econômico, e propostas similares com Snapdragon, os chips que rivalizam com os M, custam algumas centenas de euros a mais. No auge dos netbooks de 400 euros, a Apple apresentou sua própria alternativa, o iPad. Steve Jobs afirmou que não havia espaço na família da empresa para notebooks econômicos.

Cérebro de iPhone, mais do que capaz para um Mac. O receio ao ler “chip de iPhone” é que ele não seja potente o suficiente para rodar o macOS (e suas demandas) com fluidez. A realidade é diferente, se olharmos os números. Atualmente, um chip M1 ainda é mais do que suficiente para realizar tarefas, inclusive pesadas, no sistema. E o A18 Pro é mais potente em qualquer métrica de CPU:


A18 PRO

M1

DIFERENÇA A FAVOR DO A18 PRO

GEEKBENCH 6 (SINGLE CORE)

3429

2345

+46,23%

GEEKBENCH 6 (MULTI CORE)

8790

8348

+5,29%

GEEKBENCH 6 METAL (GPU)

32686

33073

−1,17%

3DMark Steel Nomad Light Unlimited (GPU)

1541

1892

−18,55%

Na GPU, como vemos, utilizando Metal, ele é um pouco menos potente. E em um teste de jogos executado com a mesma resolução, como Steel Nomad Light Unlimited, o A18 Pro fica mais de 18% atrás. No single-core, o A18 Pro também é mais potente que o M2 e o M3. E essa é a parte mais relevante para rodar um sistema operacional com fluidez, assim como o que mais fazemos hoje em dia com os PCs: navegar na web.

Embora o A18 Pro e o M1 possuam um Neural Engine de 16 núcleos, os avanços na arquitetura e na litografia do chip do iPhone permitem obter de 50% a até três vezes mais desempenho que o M1 executando os mesmos processos. Claramente, com exceção de jogos, estamos diante de um chip mais adequado às necessidades da informática em 2025.

O M1 é um chip lendário pela autonomia que trouxe aos MacBook Air e Pro que o equipavam. Se a Apple não reduzir os watts-hora do antigo Air, o ganho em autonomia pode ser imenso, pois o A18 Pro é fabricado pela TSMC no nó de 3 nm de segunda geração (N3P), frente aos 5 nm de primeira geração do M1.

O possível lado negativo

Um MacBook com A18 Pro soa muito bem, até lembrarmos que seria lançado com enfoque econômico, e isso na Apple costuma vir acompanhado de cortes, às vezes irrelevantes, às vezes dolorosos. Um primeiro ponto onde a Apple poderia economizar seria na RAM, deixando o equipamento com 8 GB, como os antigos MacBook Air ou Pro, que, mesmo assim, são compatíveis com Apple Intelligence. Não parece o ideal para desempenho em IA ou multitarefa, e de fato é a mesma RAM presente no iPhone 16e, mas, até alguns meses atrás, os Macs partiam dessa capacidade insuficiente. Os M4 foram os primeiros a serem lançados com 16 GB em todos os modelos.

Além de painel, materiais ou capacidade de bateria, o aspecto em que o A18 Pro pode oferecer menos desempenho que um M1 ou M4 (dependendo do que a Apple decidir fazer) é na conectividade. Frente ao Thunderbolt 3 e USB 4 de até 40 Gb/s do M1, o A18 Pro conta com um controlador USB 3.2 Gen 2 integrado, com capacidades de transferência de até 10 Gb/s. Na prática, apresenta velocidade de leitura e escrita de 926 e 885 MB/s, respectivamente, frente aos 2.800 MB/s que se conseguem pelo Thunderbolt nos Macs com processador M.

Revisamos preços oficiais e preços para educação. Em qualquer dos casos, os 599 dólares seriam muito competitivos. Mas, neste ponto do mercado, é preciso levar em conta que, diferentemente de anos atrás, atualmente os distribuidores da Apple oferecem descontos consideráveis. Com preço base de 599 dólares, há poucos meses foi possível adquirir nos EUA um Mac mini M4 por 449 dólares mais impostos.

Imagem | Applesfera, Apple

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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