Busque conhecimento: Musk diz que toda energia virá de painéis solares quando entendermos a escala Kardashev

Segundo o CEO da Tesla, podemos obter 3 GWh de energia para cada 2,5 quilômetros quadrados do planeta Terra. "É absolutamente óbvio", afirma ele.

Maior Parte Da Energia Vira De Paineis Solares
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência, gamer desde os 6 e criadora de comunidades desde os tempos do fã-clube da Beyoncé. Hoje, lidero uma rede gigante de mulheres apaixonadas por e-Sports. Amo escrever, pesquisar, criar narrativas que fazem sentido e perguntar “por quê?” até achar uma resposta boa (ou abrir mais perguntas ainda).

De todos os temas que fascinam Elon Musk, há dois nos quais ele nunca mudou de opinião desde que começou a liderar a SpaceX e a Tesla: 1) a humanidade precisa colonizar Marte para se tornar uma espécie multiplanetária e 2) toda a atividade humana poderia ser abastecida exclusivamente por energia solar.

O empresário reiterou essa convicção há alguns dias em seu perfil no X, acrescentando que as pessoas entenderam facilmente se soubessem fazer os cálculos:

"Uma vez que se entende a escala de Kardashev, fica absolutamente óbvio que toda a geração de energia será essencialmente solar. Basta fazer os cálculos da energia solar na Terra e logo você percebe que uma área relativamente pequena do Texas ou Novo México pode facilmente fornecer toda a eletricidade dos Estados Unidos."

A escala Kardashev, proposta em 1964 pelo astrofísico russo de mesmo nome, mede o nível de desenvolvimento tecnológico de uma civilização com base na quantidade de energia que ela consegue utilizar. A humanidade, sendo a única civilização que conhecemos, ainda nem atingiu o primeiro nível:

  • Tipo I: Civilização Planetária. Capaz de gerenciar e aproveitar de maneira eficiente toda a energia disponível em seu planeta de origem.
  • Tipo II: Civilização Estelar. Consegue utilizar e armazenar toda a energia da sua estrela anfitriã. Civilizações desse tipo poderiam construir megaestruturas ao redor de sua estrela para capturar a maior parte da energia solar, como a hipotética Esfera de Dyson.
  • Tipo III: Civilização Galáctica. Capaz de controlar e aproveitar a energia de milhões de estrelas dentro de sua galáxia.

Embora essa escala seja mais popular na busca por vida extraterrestre do que no setor energético, Elon Musk a usa para destacar o quão pouco aproveitamos a energia do Sol. Segundo seus cálculos, uma área de apenas 2,5 quilômetros quadrados na Terra recebe cerca de 2,5 GW de energia solar. E no espaço, além do escudo magnético da atmosfera, seria possível captar 30% a mais de energia.

"Levando em conta a eficiência dos painéis solares (cerca de 25%), a densidade de empacotamento (80%) e as horas de luz utilizáveis por dia (aproximadamente seis), seria razoável obter 3 gigawatts-hora de energia a cada 2,5 quilômetros quadrados", escreveu Musk. "Cálculos simples, mas quase ninguém faz essas contas básicas".

Não é tão simples

Os cálculos de Musk não estão errados, mas ignoram os desafios técnicos e econômicos que a indústria fotovoltaica enfrenta.

A energia solar cresceu 73% no ano passado, alcançando uma capacidade total de 3.870 GW em todo o mundo. É a fonte de energia que mais cresce, superando até o crescimento da energia nuclear em seu auge.

No entanto, nem mesmo os países que mais instalam painéis solares, como China, Estados Unidos ou, mais próximo, a Espanha, conseguiram abandonar outras fontes de energia não renováveis, como os combustíveis fósseis.

Não é um problema de capacidade, mas de intermitência. A capacidade de geração de energia dos painéis solares diminui em dias nublados ou extremamente quentes, devido aos limites da própria eletrônica. Hoje, essas flutuações tornaram a rede elétrica impraticável sem plantas capazes de gerar energia sob demanda, como as usinas térmicas movidas a gás natural ou as centrais nucleares. A rede elétrica precisa ser flexível.

De outro ponto de vista, é um problema de armazenamento. A intermitência não comprometeria o fornecimento da rede se tivéssemos dezenas de GWh em capacidade de armazenamento. Parte poderia ser em hidrogênio verde, outra em reservatórios de água, mas principalmente em parques de baterias.

O desafio é que as instalações de baterias não cresceram no mesmo ritmo que os painéis solares, porque são caras e não há incentivos suficientes para o armazenamento.

Na China, muitas províncias obrigam a instalação de baterias junto a cada novo projeto solar, mas essas baterias raramente são utilizadas.

A energia já é muito barata, e armazená-la nem sempre é financeiramente viável. Um problema semelhante ocorre na Europa: as fontes renováveis muitas vezes fazem com que o preço da energia fique próximo de zero ou até negativo, o que torna o armazenamento pouco vantajoso.

Enquanto buscamos resolver esses problemas com mudanças no mercado elétrico para adaptá-lo aos novos tempos, continuamos em uma fase de transição. Isso ainda nos impede de nos definir como uma civilização de Tipo I, capaz de aproveitar de maneira eficiente toda a energia disponível em seu planeta de origem.

Imagem | Elon Musk, NASA

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