Ozempic fez milhares de pessoas perderem peso de forma brutal; então elas colocaram seus guarda-roupas à venda

A junção que ninguém na indústria da moda esperava era a do Ozempic com os brechós

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PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

A Novo Nordisk, fabricante do Ozempic, acaba de apresentar seus resultados do primeiro trimestre e os dados impressionam: estamos falando de 3,891 bilhões de euros (R$ 24,6 bilhões), 14% a mais que no ano passado. E, claro, isso fez o preço das ações da empresa disparar.

O mais interessante, no entanto, é o porquê.

A resposta é muito simples: os tratamentos contra a obesidade aumentaram 67%. É isso que nos permite intuir que a revolução do Ozempic (e dos demais agonistas do GLP-1) vai muito além do que imaginamos. Tanto que está virando o mercado de segunda mão de cabeça para baixo.

Algo está mudando

Em meados de 2024, as plataformas de venda de segunda mão começaram a ver as roupas oferecidas em seus sistemas mudarem. Nos dois anos anteriores, os anúncios de roupas femininas plus size cresceram de forma surpreendente: "um aumento de 103% nos anúncios do tamanho 3XL, 80% no tamanho 4XL e 73% no tamanho 5XL".

Além disso, a Poshmark analisou os anúncios e encontrou "um aumento de 78% em novos anúncios que mencionam 'perda de peso' no título ou na descrição". A Vestiaire Collective, especializada na venda de produtos de alta qualidade em segunda mão, também detectou um fenômeno semelhante, e a Goodwillfinds, que revende roupas doadas, afirma que cada vez mais roupas grandes estão sendo doadas. A Vinted também notou isso.

Como sabemos que tudo isso tem a ver com o Ozempic?

Não podemos ter certeza, é verdade. Mas, como aponta a Fortune, um em cada oito americanos já usa semaglutida ou outro agonista do GLP-1, e a tendência tem crescido muito próximo ao crescimento do uso desses medicamentos.

Seja como for, é um problema que todos estão começando a perceber que é sério. De fato, há cada vez mais programas de revenda das próprias marcas. Diante dessas mudanças no mercado, marcas como Levi's, Patagonia e Carhartt WIP começaram a montar suas próprias lojas, o que lhes permite também estar presentes nessa "segunda vida" de seus produtos. Afinal, como aponta a Vogue Business, "a revenda tem sido um dos únicos motores de crescimento do varejo nos últimos anos". De fato, o mercado dobrou de tamanho desde 2021.

No entanto, nem tudo são flores.

O problema é óbvio: à medida que milhares de pessoas perdem peso significativamente e decidem esvaziar seus armários, os estoques de brechós ficam desequilibrados: há muitas roupas grandes para vender e poucas pessoas dispostas a comprá-las.

Em outras palavras, se os analistas estiverem certos, estamos caminhando para uma grande readequação da moda que produzimos, vendemos e compramos. Em um mundo repleto de dados e mais dados, pode parecer curioso que os primeiros a perceber isso tenham sido as plataformas de segunda mão, mas, pensando bem, é tão previsível que chega a ser assustador.

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