Cientistas brasileiros transformam castanha de caju em energia solar mais barata e eficiente

Estudo da Universidade Federal do Ceará revela que castanha de caju pode aumentar a eficiência de placas solares e reduzir custos de produção

castanha de caju. Créditos:	Priscila Zambotto/GettyImages
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Laura Vieira

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Laura Vieira

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Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

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A energia solar é uma das principais apostas para um futuro mais sustentável, pois utiliza uma fonte limpa, renovável e abundante no Brasil. As placas solares, porém, mesmo sendo eficientes, ainda enfrentam o desafio do alto custo de produção. Porém, no Ceará, um grupo de pesquisadores começou a investigar alternativas que mantivessem a eficiência dos equipamentos, mas reduzissem seu preço, e encontraram um potencial inesperado em um  recurso abundante no Estado: a casca da castanha de caju.

Um estudo da Universidade Federal do Ceará (UFC) analisou o líquido da casca da castanha de caju (LCC), um subproduto gerado em grande quantidade pela indústria cajucultora, e mostrou que o material pode melhorar o desempenho das placas solares ao mesmo tempo em que diminui seus custos. Os resultados, publicados no Sage Journals, apontaram que as placas produzidas com LCC apresentaram mais eficiência do que à de materiais comerciais, o que abre caminho para novas aplicações, embora a técnica ainda precise ser testada por períodos mais longos em condições reais.

Óleo da casca da castanha de caju é uma alternativa eficiente para melhorar o desempenho de placas solares

O LCC é um óleo denso e escuro produzido durante o beneficiamento da castanha de caju, um processo industrial que prepara a castanha crua para o consumo, removendo a casca e a película. Esse processo, no entanto, acaba acumulando grandes quantidades de óleo nas indústrias. 

E justamente por ser um recurso abundante, de baixo custo e fácil acesso, o material acabou chamando a atenção do pesquisador Diego Caitano Pinho, que buscava uma opção mais barata para substituir as superfícies convencionais das placas solares. Hoje, essas superfícies são feitas com materiais caros e potencialmente tóxicos, o que encarece a produção. Porém, ao testar o LCC no lugar desses materiais para absorver a radiação solar, a equipe percebeu que a coloração escura favoreceu o aquecimento da água ou do óleo que circula dentro dos coletores, tornando ele uma alternativa viável. 

Testes comprovam alta absorção térmica do LLC

Nos experimentos realizados em laboratório, o LCC técnico, obtido a partir do cozimento da castanha, apresentou eficiência superior à de uma superfície comercial usada como referência. Isso demonstra que o material, além de mais barato, consegue absorver melhor a radiação, sendo mais eficiente. O LCC natural também foi analisado, mas teve desempenho menor. 

Mesmo assim, os resultados foram considerados promissores, mas ainda dependam de testes mais longos ao ar livre para avaliar a durabilidade e o comportamento do revestimento com o passar do tempo. A equipe planeja aperfeiçoar a técnica e, se os resultados continuarem positivos, transformar a ideia em uma patente que possa chegar ao setor produtivo e ajudar a baratear a energia solar.

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