Cientistas descobrem mudança oculta na Antártida que liberou o carbono e aqueceu o mundo

Isso nos dá ainda mais informações sobre o futuro climático

Atártida | Fonte: Getty Images
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Jornalista com mais de 5 anos de experiência, cobrindo os mais diversos temas. Apaixonada por ciência, tecnologia e games.


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O fim da última Era do Gelo, há cerca de 12 mil anos, foi impulsionado por um fator oculto nas profundezas: o Oceano Antártico. Uma nova pesquisa internacional, publicada na Nature Geoscience, revela que mudanças na circulação das massas de água antárticas liberaram vastas quantidades de carbono que estavam armazenadas no fundo do mar, ajudando a acelerar a transição para o período Holoceno.

O estudo buscou entender como a Água Antártica de Fundo (AABW), a massa de água mais fria e densa do planeta, mudou ao longo dos últimos 32 mil anos e qual o seu papel no ciclo global do carbono.

O segredo nas profundezas

Durante a Era do Gelo, a água fria e densa que hoje se forma ao redor da Antártida não se espalhava amplamente. Em vez disso, grande parte do Oceano Antártico profundo estava preenchida por uma massa de água estagnada e rica em carbono

Devido a esse isolamento da superfície, o carbono dissolvido permaneceu trancado no fundo do oceano por longos períodos, ajudando a manter os níveis atmosféricos de CO2 relativamente baixos.

Para desvendar esse cenário antigo, os cientistas analisaram núcleos de sedimentos profundos, usando isótopos do metal traço neodímio como uma "impressão digital química" para rastrear a origem das massas de água através do tempo.

A expansão que desestabilizou o clima

O grande ponto de virada ocorreu quando a Terra aqueceu e as camadas de gelo começaram a recuar, entre 18.000 e 10.000 anos atrás. O aquecimento ao redor da Antártida causou um derretimento do gelo marinho, resultando em mais água de degelo entrando no oceano.

Essa nova Água Antártica de Fundo (AABW) de menor densidade se expandiu em duas fases claras, desestabilizando a estrutura de água existente e forçando a água rica em carbono, aprisionada por milênios, a se misturar verticalmente e liberar CO2 na atmosfera. Esse mecanismo de liberação foi crucial para o aumento do aquecimento global.

As águas profundas ao redor da Antártida aqueceram significativamente mais rápido do que o restante dos oceanos nas últimas cinco décadas.

O objetivo dos cientistas é usar os dados paleoclimáticos para melhorar os modelos climáticos e prever com mais precisão a rapidez com que a perda de gelo antártico pode afetar a capacidade do oceano de absorver ou liberar carbono no futuro, um fator decisivo para a crise climática atual.

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