Treta? Apple deve contrariar governo indiano e não vai instalar aplicativo de segurança nos iPhones do país

A empresa resiste à exigência de pré-instalar o app estatal Sanchar Saathi, alegando riscos à privacidade e prometendo tratar a Índia como qualquer outro mercado

Crédito de imagem: Indranil Aditya/NurPhoto via Getty Images
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João Paes

Redator
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João Paes

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Escreve sobre tecnologia, games e cultura pop há mais de 10 anos, tendo se interessado por tudo isso desde que abriu o primeiro computador (há muito mais de 10 anos). 

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A relação entre Apple e o governo da Índia — que já é cheia de nuances, incentivos e tensões — acaba de ganhar um novo capítulo digno de novela geopolítica. Segundo a Reuters, a gigante de Cupertino planeja simplesmente ignorar uma ordem oficial que obriga fabricantes como Apple e Samsung a pré-instalarem o aplicativo estatal Sanchar Saathi em todos os smartphones vendidos no país.

A determinação do governo indiano dá às empresas 90 dias para cumprir a exigência, mas a Apple teria decidido bater o pé desde o início. A companhia vai informar às autoridades que não cumpre esse tipo de ordem em nenhum país, alegando que pré-instalar apps governamentais — ainda mais sem permitir que o usuário os apague — representa riscos reais de segurança e privacidade.

Para a Apple, abrir essa porta seria um precedente perigoso. E, enquanto a empresa até pode ter que ceder se a pressão política aumentar, o fato de enfrentar a decisão publicamente em vez de simplesmente aceitar em silêncio já diz muito sobre o tamanho da confusão.

O aplicativo Sanchar Saathi já existe na App Store e pode ser baixado voluntariamente. Ele oferece funções úteis: permite reportar celulares roubados ou perdidos, aciona a operadora para bloquear o IMEI e ainda serve como ferramenta para denunciar ligações fraudulentas — algo relevante em um país que enfrenta altos índices de golpes telefônicos. O argumento do governo é que ampliar a distribuição ajudaria no combate ao crime, especialmente ao uso de IMEIs clonados.

Mas há dois problemas centrais:

  1. A obrigatoriedade — que vai contra a política global da Apple.
  2. A impossibilidade de remoção, interpretada por especialistas como parte da ordem.

A oposição política indiana também entrou na conversa, classificando a medida como inconstitucional.

Assim, a batalha em solo indiano coloca duas forças gigantes num embate direto: um governo que quer ampliar seu controle tecnológico em nome da segurança pública e uma Apple empenhada em manter sua narrativa de privacidade — e sua autonomia — intactas. 


Crédito de imagem: Indranil Aditya/NurPhoto via Getty Images


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