Nem Salem, nem Irlanda: o epicentro das ciências ocultas no Ocidente fica em uma cidade MUITO conhecida e poucos sabem

Londres é uma cidade que uniu folclore, perseguições históricas contra bruxaria e sociedades ocultistas para moldar a magia contemporânea

Livro levitando. Créditos: 	Dina Belenko Photography/GettyImages
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Laura Vieira

Redatora
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Laura Vieira

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Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

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Quando se fala em bruxaria, é natural que a imaginação viaje para lugares como Salem, nos Estados Unidos, ou Irlanda, marcados por um rico e antigo folclore mitológico. Porém, a verdadeira capital das ciências ocultas, tanto historicamente quanto culturalmente, fica em um lugar que é muito conhecido mundo afora, mas poucos sabem disso: Londres

Com a atmosfera mística da cidade e sua longa relação com sociedades secretas, Londres é considerada por muitos o epicentro do estudo das ciências ocultas no ocidente. Não é à toa que Harry Potter, uma das sagas de bruxaria mais famosas do mundo, se passa nesse lugar. A seguir, entenda por que Londres ganhou esse título, e como uma sociedade secreta fundada ali prosperou e redefiniu a magia para as gerações seguintes.

Londres é considerado o epicentro das ciências ocultas no ocidente

Londres é conectada com a bruxaria há vários anos, tanto na ficção, quanto no “mundo real”. Isso porque muitos bruxos moraram em Londres, e não estamos falando de Harry Potter. Muito antes de se tornar o local de histórias do cinema, Londres já tinha uma reputação ligada ao sobrenatural. 

Entre os séculos XVI e XVII, com a aprovação de Leis de Bruxaria, Londres vivenciou intensas perseguições a supostos praticantes de magia. Locais como a região do Marble Arch, eram utilizados para execuções públicas de mulheres acusadas de bruxaria. Esses episódios deixaram uma marca na cidade e criaram uma ambiente propício para estudiosos e curiosos se envolverem na temática.

Mas Londres se tornou a capital do ocultismo por vários outros motivos. A cidade servia de ponto de encontro para diferentes culturas, manuscritos antigos e tradições esotéricas vindas da Ásia, do Oriente Médio e da África. Nessa fusão cultural, práticas como alquimia, astrologia e misticismo acabaram se desenvolvendo nessa região.

Ao mesmo tempo, foi ali que surgiram sociedades secretas influentes no mundo, como o The Hermetic Order Of The Golden Dawn. Essas sociedades eram responsáveis por organizar, sistematizar e divulgar conhecimentos místicos que antes circulavam apenas de forma dispersa. Além disso, a própria arquitetura da cidade, fortemente marcada por simbolismos maçônicos e códigos visuais, ajudou a construir a imagem de uma cidade misteriosa. 

Ordem Hermética da Aurora Dourada: saiba mais sobre a sociedade secreta fundada na Inglaterra

Se Londres já carregava uma longa tradição ligada ao sobrenatural, foi no fim do século XIX e início do século XX que ela se consolidou como centro das ciências ocultas. Em 1888, três estudiosos fundaram uma sociedade que mudou a história da magia moderna: a Ordem Hermética da Aurora Dourada (Hermetic Order of the Golden Dawn). Dedicada ao estudo da astrologia, da cabala, da alquimia, do tarô e de rituais cerimoniais complexos, a ordem se tornou referência para quem buscava conhecimento esotérico sério, sem se basear em superstições populares.

Entre seus membros, havia nomes que se tornaram épicos. O mais polêmico foi Aleister Crowley, que acabou sendo expulso da sociedade por ser uma figura muito polêmica. Na mídia britânica, ele era retratado como "o homem mais perverso do mundo" devido à vida sexual aberta e por praticar magia sobre o efeito de drogas.

Também passaram pela sociedade outros intelectuais respeitados, como o poeta William Butler Yeats, um místico irlandês que ganhou o Nobel de Literatura em 1923. Assim como Aleister, William frequentava a livraria Watkins, considerada a mais antiga especializada em ocultismo no Ocidente. O local servia como um ponto de encontro para místicos, artistas e estudiosos, fundado por John Watkins, amigo muito próximo da russa Helena Blavatsky, pensadora e fundadora da Sociedade Teosófica.

Ela tinha uma proposta de unir ciência, filosofia e religião, e teve uma enorme influência sobre a Golden Dawn e sobre o ocultismo ocidental como um todo. E tanto John Watkins quanto Watkins continuaram influenciando outras pessoas durante décadas, atraindo nomes da música como David Bowie, membros do Led Zeppelin e Pink Floyd.


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