Em silêncio, engenheiros especializados em IA estão se tornando os profissionais mais bem pagos do mundo

Os salários podem chegar a cifras astronômicas, fruto do valor estratégico que as empresas atribuem à inteligência artificial

Big techs estão na corrida pelos melhores profissionais de IA / Imagem: Reuters e Uncapped
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Victor Bianchin

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Victor Bianchin é jornalista.

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Há uma verdadeira batalha acirrada entre os gigantes da tecnologia para atrair os melhores talentos e inovar no campo da inteligência artificial. E, devido à alta competição, a escala salarial no setor tecnológico está mais alta do que nunca. Os salários de cientistas e engenheiros de IA agora atingem valores estratosféricos, com incentivos que variam de 3 a 7 milhões de dólares anuais para profissionais sênior. Essa escalada sem precedentes está transformando esses profissionais em verdadeiros ativos financeiros.

Grandes empresas de tecnologia como Meta e OpenAI estão travando uma guerra implacável por talentos. Os salários dos seus principais pesquisadores subiram 50% desde 2022, chegando a ultrapassar 10 milhões anuais em casos excepcionais. Para colocar em perspectiva: um engenheiro de software tradicional em uma grande empresa recebe, em média, entre 180 mil e 220 mil dólares de salário base nos Estados Unidos, enquanto um cientista de IA pode alcançar até 2 milhões.

Segundo o portal especializado em salários Levels, a Meta está entre as empresas que mais pagam aos seus engenheiros de IA, com salários que vão de 186 mil dólares a até 3,2 milhões. Até pouco tempo atrás, isso não era comum em empresas de tecnologia para cargos que não fossem de executivos ou investidores.

O estopim

Mark Zuckerberg foi o grande catalisador dessa escalada. Segundo Sam Altman, CEO da OpenAI, a Meta está oferecendo bônus de até 100 milhões de dólares aos engenheiros mais destacados do setor. A estratégia responde à recepção decepcionante do Llama 4, que não atendeu às expectativas em benchmarks de raciocínio e programação. Onze dos quatorze pesquisadores originais da equipe do Llama deixaram a Meta, vários deles a caminho da empresa francesa Mistral.

A companhia responsável pelo ChatGPT não ficou parada. Seu diretor de pesquisa, Mark Chen, enviou um memorando interno comparando as saídas de pessoal a “alguém invadindo nossa casa e roubando algo”. A OpenAI deu uma semana de folga para sua equipe “descansar e recarregar as energias”, enquanto Chen e Altman trabalham “24 horas por dia” para reter talentos e “recalibrar” os pacotes salariais.

Os caçadores de talentos do setor afirmam que muitos pesquisadores priorizam a reputação da equipe e a qualidade do trabalho acima das cifras astronômicas. “Sempre há um risco: se você acabar na Meta, pode ser que não faça o nível de trabalho que faria na DeepMind, OpenAI ou Anthropic”, explica Firas Sozan, CEO da consultoria Harrison Clarke.

O efeito dominó

Essa inflação salarial está levando algumas empresas a buscar alternativas. Startups como a Hugging Face estão transferindo sua busca por talentos para a Europa, onde, segundo Thomas Wolf, cofundador da empresa, “com um engenheiro de software de Silicon Valley, você pode contratar três ou quatro do mesmo nível”. Setores como seguros, entretenimento e serviços financeiros também estão aumentando suas ofertas para competir por esses talentos de alto nível.

Os pesquisadores de IA se tornaram os novos astros do mundo tecnológico, com contratações milionárias que refletem o valor estratégico que as empresas atribuem à inteligência artificial. Um dos casos mais recentes é o do jovem Alexandr Wang, a nova estrela da IA, que ficará responsável por liderar o projeto Superintelligence Labs da Meta. A empresa de Zuckerberg pagou 14,3 bilhões de dólares pela Scale AI, plataforma que serve para preparar e treinar modelos de linguagem e que foi fundada por Wang e Lucy Guo. Eles são superestrelas e as mentes que moldarão o futuro da IA.

Imagem da capa | Reuters e Uncapped

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.

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