Há pouco mais de um mês, Elon Musk garantiu a seus investidores que abandonaria a política para se dedicar em tempo integral a resolver os problemas que estavam arruinando a capitalização da Tesla. Mas sua aposentadoria durou pouco, e o magnata está de volta ao ringue político anunciando a criação de um novo partido.
O retorno à política foi muito aplaudido por um setor dos investidores da Tesla: aqueles que apostaram na queda (em prejuízo) da companhia. Desde que Musk anunciou a criação do ‘America Party’, esses investidores em posição vendida embolsaram 1,4 bilhão de dólares, segundo a Reuters.
O partido de Musk
Elon Musk se mostrou muito crítico em relação ao novo pacote fiscal impulsionado por Donald Trump, conhecido como “o grande e belo projeto de lei” (One Big Beautiful Bill Act), que o CEO da Tesla não hesitou em classificar como “uma abominação repugnante”, e acrescentou: “vergonha para quem votou nisso, vocês sabem que fizeram errado. Vocês sabem”.
Como a lei superou seu maior obstáculo com a aprovação no Senado e sua sanção é iminente, Musk se viu obrigado a cumprir sua promessa de fundar o America Party, um terceiro partido político que sirva como alternativa ao bipartidarismo eleitoral atual, dividido entre Republicanos e Democratas.
O anúncio do retorno de Musk à política provocou a fúria de seu (até poucos meses atrás) maior aliado, Donald Trump, que, em sua rede social, classificou a proposta de criar um novo partido como “ridícula”, acrescentando que “sempre foi um sistema bipartidário e acho que fundar um terceiro partido só contribui para a confusão”.
No entanto, a irritação do presidente dos EUA com Musk alegrou a parcela de investidores da Tesla que não aposta no sucesso do fabricante de carros elétricos, mas ganha dinheiro quando o preço das ações da companhia despenca: os investidores em posição vendida.
Uma queda de 7,5% é uma boa notícia
A raiva de Trump com o anúncio de Musk fez com que os investidores imediatamente reduzissem sua confiança nas ações da companhia, o que provocou uma queda de 7,5% na abertura de segunda-feira em relação ao preço de quinta-feira, 3 de julho (o dia 4 de julho foi feriado).
Antes mesmo da abertura dos mercados, um exército de investidores em posição vendida já estava preparado para aproveitar a queda mais que previsível no preço das ações da companhia, que é quem mais vem sofrendo com os vaivéns políticos de Musk. E foi exatamente isso que aconteceu. Segundo dados da Reuters, os investidores em posição vendida da Tesla obtiveram lucros estimados em 1,4 bilhão de dólares com essa queda.
A forma de operar desses investidores consiste em “tomar emprestadas” ações da Tesla para vendê-las com o compromisso de recomprá-las dentro de um determinado período. Se, nesse intervalo entre a venda e a recompra, as ações tiverem caído, eles terão que pagar menos na recompra do que receberam na venda, ou seja, quanto mais o preço cair, maior será o lucro.
Se algo ficou claro nos últimos meses é que, se a Tesla não fizer nada a respeito, o destino da companhia e o de seu CEO permanecerão ligados. Por isso, e embora a cotação das ações da Tesla esteja se recuperando com muita dificuldade, a fortuna pessoal de Elon Musk também sofreu um duro golpe, perdendo 15,3 bilhões de dólares em sua valorização, segundo o Índice de Bilionários da Bloomberg.
Durante a abertura dos mercados na última segunda-feira, as ações da Tesla caíram de 315,35 dólares no fechamento anterior para 291,21 dólares, registrando uma fraca recuperação até os 297,81 dólares no momento da publicação deste artigo.
Elon Musk já demonstrou em diversas ocasiões seu repúdio a esse tipo de investimento em posição vendida, que inclusive gerou tensões entre Musk e Bill Gates ao se descobrir que o fundador da Microsoft tinha algumas posições vendidas na Tesla.
Imagem | Wikimedia Commons (Gage Skidmore), Unsplash (Jakub Żerdzicki)
Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.
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