DeepSeek se tornou a empresa de IA da moda. Ao contrário das outras, ela se recusa a aceitar investimentos estrangeiros

Startup chinesa de IA, uma das mais promissoras do mundo, rejeita entrada de financiamento externo, apesar do enorme interesse

Imagem | DeepSeek + Philipp Katzenberger | Alejandro Luengo
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PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

A DeepSeek, a grande sensação de 2025 em IA, está quebrando todas as regras do ecossistema de startups não apenas por seu modelo eficiente, mas também por rejeitar o capital de risco que outros concorrentes precisam. Seu fundador, Liang Wenfeng, detém 84% da propriedade (uma anomalia na área) e não parece ter pressa em abrir mão do controle.

A empresa de tecnologia chinesa entrou no setor em janeiro com seu novo modelo de IA, mas, ao contrário de seus concorrentes, não anuncia rodadas de financiamento multimilionárias, e nem quer.

Os três motivos

Liang Wenfeng tem motivos claros para manter os investidores afastados:

  1. Não quer perder o controle de sua visão de longo prazo da IA;
  2. A DeepSeek possui financiamento próprio suficiente por meio de seu fundo de investimento High-Flyer;
  3. Teme que investidores externos, especialmente chineses, intensifiquem as preocupações com privacidade e segurança.

Por que isso importa

Em um setor onde os concorrentes estão correndo para levantar bilhões para financiar a custosa corrida da IA, a DeepSeek aposta em um caminho alternativo.

A independência financeira também dá à DeepSeek liberdade para se concentrar em pesquisa e desenvolvimento, em vez de buscar a monetização rápida que os investidores normalmente exigem.

Nas entrelinhas

Liang não costuma esconder sua desconfiança em relação aos investidores. Em uma entrevista de 2023, ele criticou abertamente a obsessão dos fundos de capital de risco em monetizar rapidamente a IA, em detrimento da pesquisa avançada.

Essa postura simboliza um crescente ceticismo no setor de tecnologia sobre a compatibilidade do modelo de financiamento tradicional com o desenvolvimento de tecnologias transformadoras a longo prazo.

Os números

A estrutura de propriedade da DeepSeek é incomum para uma startup tão poderosa:

  • 84% pertence a Liang Wenfeng, o fundador.
  • 16% está nas mãos de pessoas ligadas ao seu fundo de investimento, High-Flyer.
  • 0% é de investidores externos tradicionais.

Em detalhes

Liang financiou a DeepSeek com os lucros do High-Flyer, seu fundo de investimento quantitativo. "Dinheiro nunca foi um problema para nós; o problema está nas proibições de embarque de chips avançados", disse ele em 2023.

Essa autossuficiência financeira permitiu que a DeepSeek se desenvolvesse sem a pressão externa usual de investidores, que geralmente se concentram em métricas de crescimento de curto prazo.

O contexto

Como uma empresa chinesa, a DeepSeek opera sob leis que dão ao governo amplo acesso aos seus dados. Isso já levou a proibições de uso em vários países e empresas privadas.

O influxo de investidores chineses pode piorar essa situação. O governo dos EUA tem um histórico de sancionar empresas de tecnologia chinesas com vínculos governamentais, como Huawei e DJI.

E agora?

A DeepSeek precisará de mais e melhores chips de IA para se manter competitiva, admitiu o próprio Liang. Esses componentes são caros e fortemente restritos na China devido aos controles de exportação dos EUA.

Sem financiamento externo, a DeepSeek pode ficar para trás na corrida tecnológica contra rivais com mais recursos, como OpenAI ou Anthropic. Claro, se alguém demonstrou engenhosidade, foi a DeepSeek.

Imagem em destaque | DeepSeek + Philipp Katzenberger | Alejandro Luengo

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