A guerra tarifária iniciada pelo presidente dos Estados Unidos não está saindo como ele esperava. Em uma virada protecionista, tentando frear o crescimento das economias globais, ele recebeu uma resposta rápida dessas economias. O governo chinês respondeu com a mesma moeda, conseguindo aproveitar as tarifas a seu favor.
Este ano, o inverno europeu terminou com as reservas de gás da Alemanha quase vazias, com apenas 7% de sua capacidade. Uma situação que não era observada desde o início da Guerra da Ucrânia. O especialista em energia Javier Blas explicou que o inverno de 2024-25 deixou os estoques de gás muito baixos, sendo que o custo para encher o depósito natural de Rehden chega a quase 2 bilhões de euros. Esse problema não afeta apenas a Alemanha, mas toda a Europa. Além disso, a União Europeia exigiu que os estoques sejam preenchidos em 90% antes de 1º de novembro. Como realizar isso? Parece que há uma solução à vista, graças à China.
O maior importador do mundo
As recentes tarifas dos EUA fizeram com que os compradores chineses de GNL começassem a revender esses carregamentos para outros países, segundo a Reuters. Isso ocorreu porque, ao aumentar as tarifas dos Estados Unidos sobre produtos chineses e, ao mesmo tempo, a China responder com tarifas sobre o GNL dos EUA, o gás americano se tornou muito mais caro. Dessa forma, a China já não tem tanta necessidade de importá-lo.
A China, inclusive, já começou a reduzir sua dependência das importações de GNL e desenvolve planos para produzir seu próprio gás. Os importadores chineses viram uma oportunidade na chance de revender o gás para outras regiões do mundo, especialmente para a Europa, que precisa do GNL para preencher seus depósitos, como explica a Bloomberg.
Esse novo fluxo adicional de gás não só ajudaria a preencher os depósitos mais rapidamente, mas também poderia manter os preços mais estáveis ou até mesmo reduzi-los ligeiramente. No entanto, conforme a Reuters, essa situação também poderia gerar uma maior competição nos mercados globais de GNL.
A revenda de GNL americano da China para a Europa e outras partes da Ásia pode se tornar uma prática mais comum no futuro. Isso beneficiaria a Europa, que precisa repor seus estoques de gás devido à escassez de fornecimentos. A longo prazo, essa situação também reflete como os mercados globais de energia estão respondendo às novas realidades geopolíticas e de demanda, o que poderia transformar as dinâmicas comerciais do GNL de forma significativa.
Imagem: Lens Envy
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