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Quem vê lindas frutas e legumes hoje no mercado jamais imaginaria que antes da engenharia genética elas eram completamente diferentes — em aparência e sabor

Há centenas de anos atrás, você não iria reconhecer alimentos bem populares hoje em dia, como a banana e melancia

3 tipos de milho diferentes. Créditos: hypescience
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Laura Vieira

Redatora
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Laura Vieira

Redatora

Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

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Você sabia que basicamente todos os legumes e frutas que conhecemos hoje eram bem diferentes há centenas de anos atrás? Pode ser difícil imaginar uma banana cheia de caroços duros ou um morango branco, mas essas frutas não apresentavam as mesmas características conhecidas atualmente. Acontece que, ao longo dos anos, a engenharia genética modificou todos esses alimentos que são tão comuns na mesa dos brasileiros, como é o caso da banana, melancia, morango, pepino e vários outros. Curioso para saber como eles eram? Veja a seguir como legumes e frutas eram antes de serem modificados.

Frutas, verduras, legumes e hortaliças se transformaram ao longo do tempo

A agricultura é uma técnica antiga, surgiu há 12 mil anos atrás durante o período Neolítico, caracterizado pela Revolução da Agricultura. Esse período marcou a transição da humanidade do estilo de vida nômade para um estilo de vida agrícola e sedentário. Eles deixaram de procurar por alimentos disponíveis em cada local e passaram a criar técnicas de plantio, cultivo e colheita, o que trouxe um maior controle sobre os recursos. Além disso, com essas técnicas, eles teriam alimentos suficientes e não precisam se deslocar em busca de frutas, verduras ou legumes.

Já nesse período, há tantos anos atrás, os alimentos começaram a sofrer as primeiras modificações pelos povoados, de forma totalmente natural, com técnicas de agricultura tradicionais. Com as técnicas de plantio aprimoradas, naturalmente os povos iam selecionando as variedades de alimentos que traziam algum tipo de vantagem.

Um exemplo é o milho! Os milhos existentes há mais de 7 mil anos atrás, pareciam uma gramínea e mediam no máximo 2 cm, bem diferente do milho que conhecemos hoje, que pode chegar a medir 30 cm. Além das características físicas, o sabor e a nutrição desses alimentos também foram modificados. No caso do milho, ele quase não era nutritivo no passado, mas com as modificações, se tornou um alimento rico em carboidratos, além de ter ficado mais saboroso e fácil de cozinhar.

Os alimentos viajaram para diferentes continentes

Outra questão que não pode ser deixada de lado é a grande exportação de alimentos como frutas, legumes e verduras, durante o período das grandes navegações, que ocorreu do século XV para XVI. Foi nessa época que alimentos começaram a ser levados para outros países, proporcionando um verdadeiro intercâmbio alimentar entre continentes.  E sabe o que é o mais curioso? É que alguns desses alimentos ficaram tão populares em algumas regiões que se tornaram símbolos da culinária de outros países.

Isso aconteceu com o tomate, por exemplo. Originalmente, o tomate surgiu na região andina da América do Sul, em países como Peru e Equador. No entanto, ele acabou se tornando um ingrediente básico na culinária italiana, muito utilizado principalmente nas pizzas e macarronada.

Como a engenharia genética modifica os alimentos?

Nos últimos anos, os alimentos transgênicos são alvo de debates éticos e estudos para saber se eles fazem mal à saúde ou não. Mas muito antes da descoberta dessas técnicas, a manipulação genética de vegetais era feita de maneira muito mais manual. Através de enxertos (aplicação de parte de uma planta em outra), polinização cruzada (usar o pólen de uma planta em outra) e seleção de plantas com características desejadas (tamanho, sabor, cor e resistência a pragas), os seres humanos têm modificado seus alimentos para que sejam mais palatáveis e maiores. Essas técnicas permitiram variedades de alimentos, como soja, milho e feijão, para que eles se tornem mais resistentes ou ganhem novos atributos nutricionais.

Confira como eram alguns alimentos no passado

Mas como é possível saber como os alimentos eram há mais de 10 mil anos se não existiam tecnologias como a fotografia? As obras de arte forneceram a grande maioria das informações sobre os alimentos no passado. Vegetais, legumes e verduras podem ser observados em telas de pintura antigas, representados de forma diferente do conhecido hoje. Esse trabalho de reconhecimento faz parte de uma área do conhecimento chamada etnobotânica iconográfica pictórica. A seguir, veja uma lista com 5 alimentos que se transformaram ao longo dos anos:

1) Banana

A banana era cheia de sementes duras, casca grossa e não era considerada comestível. Acredita-se que a versão moderna possa ter começado na região da Papua Nova Guiné, dez mil anos atrás.

Banana do passado partida A banana tinha caroços duros. Créditos: HypeScience

2) Melancia

Estima-se que a melancia tenha surgido 5.000 anos atrás, no Egito. No entanto, ela era muito menor, tinha um gosto amargo, sua carne era mais clara e havia padrões distintos de semente. A melancia de hoje é 1.500 vezes maior, mais doce e mais vermelha.

melancia pintada em obra de arte A melancia foi reconhecida em uma obra de arte. Créditos: HypeScience

3) Cenoura

A cenoura original foi encontrada na Pérsia, no século X. Visualmente, era branca ou roxa, fina e tinha um gosto amargo. Hoje, ela é maior, mais saborosa e laranja.

cenouras de cores diferentes As cenouras antigamente possuíam diferentes cores. Créditos: HypeScience

4) Morango

O morango silvestre da foto é considerado a melhor versão do morango, pois era supostamente mais doce, mas bem menor.  O cultivo do morango  foi mudando ao longo dos anos, com agricultores favorecendo plantas maiores e mais resistentes à doença, o que influenciou seu sabor.

morango branco O morango do passado era supostamente mais doce e menor. Créditos: HypeScience

5) Abacate

Antigamente, o abacate era muito pequeno, a ponto de caber na palma de uma mão, e quase não tinha carne e seu sabor não era muito bom. Ao longo dos anos, graças ao cultivo selecionado, os abacates ficaram dez vezes com mais carne, que também é mais mole e muito mais saborosa.

abacate com grande caroço aberto O abacate não tinha o gosto muito agradável. Créditos: HypeScience
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