Tendências do dia

Nunca tivemos três furacões de uma vez no Atlântico em pleno mês de outubro como agora

  • Milton é o segundo furacão mais rápido a alcançar a categoria 5

  • A temporada está aumentando notavelmente em intensidade

Furacões no Oceano Atlântico em foto da Nasa
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Victor Bianchin

Redator

Victor Bianchin é jornalista.

Kirk, Leslie e Milton são os nomes dos três furacões que estiveram ativos ao mesmo tempo nas águas do Oceano Atlântico ao longo de outubro. O evento chamou a atenção porque foi a primeira vez que essa coincidência ocorreu nessas circunstâncias.

Não é a primeira vez que o Oceano Atlântico vê três furacões ativos ao mesmo tempo, mas é a primeira vez que isso acontece neste momento do ano, pelo menos desde que temos registros de satélite (desde 1966), indica no Twitter o meteorologista da Colorado State University, Phil Klotzbach.

Faltam menos de dois meses para o fim da temporada atlântica de furacões de 2024 e, pela primeira vez, vemos a alocação temporal de três ciclones tropicais no oceano. Dois deles são, além disso, importantes por si mesmos.

Kirk e Milton

O ex-furacão Kirk se destaca por sua localização e rumo: a depressão, que alcançou a categoria 4 na escala Saffir-Simpson, está se dirigindo para o norte da Espanha, perto da divisa com Portugal — aproximando-se o suficiente para causar efeitos notáveis naquela parte da península.

Milton, por sua vez, merece destaque por ter se tornado um dos furacões mais rápidos a passar da categoria 1 para a categoria 5: precisou de menos de um dia para acumular a força necessária. Isso foi possibilitado pela grande quantidade de energia térmica acumulada no Golfo do México, como já aconteceu com o destrutivo furacão Helene.

Mais que mil palavras

A Nasa publicou, no começo de outubro, uma foto tirada dois dias antes dos três furacões (embora, naquele momento, Milton ainda não tivesse se tornado um furacão). A imagem foi capturada pela câmera EPIC (Earth Polychromatic Imaging Camera) a bordo do satélite DSCOVR (Deep Space Climate Observatory), da agência espacial americana.

A conjunção desses três furacões traz de volta o debate sobre a intensidade da atual temporada atlântica de furacões. No primeiro semestre, as previsões falavam de uma temporada de furacões (que começa em junho) especialmente intensa.

No entanto, a temporada começou tarde: durante as primeiras quatro semanas, apenas uma tempestade nomeada foi registrada: a tempestade tropical Alberto. Após um primeiro mês de calma, Beryl abalou as costas do Caribe e da América do Norte. O furacão se tornou o mais rápido a alcançar a categoria 5 na temporada: isso aconteceu em 2 de julho.

Foi preciso esperar quase outro mês desde o fim de Beryl até a próxima tempestade nomeada: Debby. Já em meados de setembro, apenas cinco tempestades nomeadas haviam sido registradas. Isso só mudaria no final do mês com a chegada do furacão Helene.

Os dados

Uma métrica que nos permite medir a intensidade de uma temporada de furacões é a Energia Ciclônica Acumulada (ACE), a qual é medida através de um índice específico. O índice, segundo os cálculos do Departamento de Ciência Atmosférica da Universidade do Estado do Colorado, estava em 120,5 em 8 de outubro, muito acima da média do período entre 1991 e 2020, que seria de 102,4.

O índice faz referência a uma magnitude cumulativa — portanto, é de se esperar que ele ainda aumente consideravelmente, especialmente com três furacões ou ciclones pós-tropicais ativos. Isso implica que a temporada pode ser classificada como mais intensa do que o normal.

A média do índice ACE para a temporada entre 1966 e 2022 foi de 103,54. Nesse mesmo período, os valores do índice oscilaram bastante, entre 17 na temporada de 1983 e 250 na temporada de 2005 (a que teve o furacão Katrina).

Este texto foi traduzido e adaptado do site Xataka Espanha

Imagem | NASA Earth Observatory, Michala Garrison, com dados de DSCOVR EPIC, Emily Cassidy


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