Nave alienígena? Uma nova evidência revela o que o 3I/ATLAS realmente é

A verdade é menos emocionante para o público, mas interessante para a comunidade científica

3I/ATLAS / Imagem: NASA
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Victor Bianchin

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Victor Bianchin é jornalista.

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Sem dúvida, um dos objetos espaciais que mais chamaram atenção nos últimos meses foi o 3I/ATLAS. Muita coisa foi dita recentemente sobre ele — desde que seria um simples asteroide prestes a destruir nosso planeta até a hipótese de ser uma nave alienígena, como sugeriu um professor da prestigiada Universidade de Harvard. Mas todas essas ideias perderam força graças ao último sinal interpretado desse objeto.

O objeto interestelar 3I/ATLAS, o terceiro visitante desse tipo já detectado, manteve a comunidade científica (e os fãs de ficção científica) em suspense desde sua descoberta em julho. As especulações mais “extravagantes”, como as classificaram os especialistas, chegaram a sugerir que poderia ser uma nave extraterrestre — especialmente quando desapareceu temporariamente atrás do Sol.

No último dia 24 de outubro, o radiotelescópio MeerKAT, na África do Sul — uma poderosa rede de 64 antenas —, captou a prova fundamental. Não se tratava de uma mensagem codificada nem de uma transmissão tecnológica de outra espécie, mas sim de um sinal de rádio de absorção causado por moléculas de hidroxila.

As moléculas de hidroxila são o resultado direto da “quebra” de uma molécula de água. Isso ocorre quando o gelo do núcleo de um cometa se aproxima do Sol e sublima devido à grande quantidade de energia que absorve. Ou seja, passa automaticamente do estado sólido para o gasoso, e é isso que detectamos a partir da Terra, como explicou Michael Küppers, cientista da Agência Espacial Europeia (ESA).

Em resumo, estamos falando que o 3I/ATLAS contém gelo em seu interior, como acontece nos cometas (e não em naves extraterrestres). E temos total certeza disso, já que esses sinais de absorção funcionam como um RG molecular — são únicos para cada composto.

Adeus às especulações

Como mencionamos antes, a teoria da nave alienígena ganhou força quando o objeto se ocultou atrás do Sol. Alguns chegaram a especular que ele estava manobrando ou se escondendo dos nossos radares. No entanto, em 4 de novembro, o 3I/ATLAS reapareceu exatamente onde os cálculos orbitais previam que estaria. Não houve manobras, apenas física.

Além disso, não é a primeira vez que ele é detectado. Javier Peralta, especialista em atmosferas planetárias, lembra que o telescópio espacial Swift, da NASA, já havia observado hidroxila no espectro ultravioleta. A nova detecção feita pelo MeerKAT é crucial porque confirma a mesma composição em uma faixa completamente diferente do espectro eletromagnético: a de rádio.

O 3I/ATLAS é o terceiro visitante interestelar conhecido, depois do 1I/’Oumuamua em 2017 e do 2I/Borisov em 2019. Embora sua trajetória seja longa demais e ele tenha viajado por tempo demais para que se possa determinar de qual estrela veio.

Mas o importante é que já estamos nos preparando para o que está por vir. A missão JUICE, da ESA, atualmente a caminho de Júpiter, fará novas medições de rádio do 3I/ATLAS em fevereiro de 2026. Mas a grande aposta é a missão Comet Interceptor, também da ESA, que será lançada por volta de 2029 e ficará à espera da chegada do próximo grande cometa que se aproxime do nosso planeta.

Imagem | NASA

Este texto foi traduzido/adaptado do site Xataka Espanha.


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