Zuckerberg não quer empatar: Meta compra startup chinesa que promete ultrapassar a nova IA da OpenAI

Aquisição bilionária marca uma guinada estratégica da Meta e reforça como a disputa pela inteligência artificial está cada vez mais global

Crédito de imagem: Xataka Brasil
Sem comentários Facebook Twitter Flipboard E-mail
joao-paes

João Paes

Redator
joao-paes

João Paes

Redator

Escreve sobre tecnologia, games e cultura pop há mais de 10 anos, tendo se interessado por tudo isso desde que abriu o primeiro computador (há muito mais de 10 anos). 

219 publicaciones de João Paes

A corrida pela inteligência artificial ganhou mais um capítulo daqueles que chamam atenção até dos rivais mais confiantes. A Meta, dona de plataformas como Instagram, Facebook e WhatsApp, fechou a compra da Manus — uma startup de IA com raízes chinesas e sede em Singapura — em um acordo avaliado em mais de US$ 2 bilhões.

Não é só o valor que impressiona, mas também o contexto: trata-se de uma das primeiras grandes aquisições feitas por uma empresa estadunidense envolvendo uma startup de IA desenvolvida no ecossistema asiático.

A Manus ganhou notoriedade no começo do ano ao mostrar um agente de inteligência artificial capaz de produzir relatórios detalhados, desenvolver sites do zero e automatizar tarefas complexas usando modelos de empresas como Anthropic e Alibaba. Foi um movimento que chamou atenção especialmente depois do sucesso do DeepSeek, modelo chinês que abalou o Vale do Silício ao prometer alta performance com menos poder computacional do que os concorrentes americanos.

Para a Meta, a compra é claramente estratégica. A companhia já vinha investindo pesado para não ficar atrás de concorrentes como Google, Microsoft e OpenAI — e enxergou nos agentes de IA um novo campo de batalha. Agora o foco parece ser em ferramentas que executam tarefas com pouquíssima intervenção humana podem se tornar o próximo grande produto da indústria.

Segundo o acordo, Xiao Hong — cofundador e CEO da Manus, conhecido como “Red” — passará a responder ao COO da Meta, Javier Olivan. A empresa, porém, afirma que pretende manter o serviço funcionando de forma independente, ao mesmo tempo em que integra recursos ao seu ecossistema de redes sociais.

“Queremos escalar o serviço para muito mais empresas”, declarou a Meta no anúncio oficial.

O movimento também acontece após uma fase de forte reestruturação dentro da companhia de Mark Zuckerberg. Depois de enfrentar dificuldades na preparação de um novo modelo de IA, o executivo saiu em uma espécie de “caça aos talentos”, oferecendo salários milionários para pesquisadores e líderes técnicos. Nesse período, a Meta comprou ainda 49% da Scale AI — avaliada em US$ 29 bilhões — e trouxe o fundador Alexandr Wang para o cargo de chief AI officer.

A Manus, por sua vez, vinha crescendo em ritmo acelerado. Lançada oficialmente há poucos meses, já contabilizava milhões de usuários e mais de US$ 100 milhões em receita anual recorrente. Sua trajetória inclui investimento da Benchmark, mudança oficial de sede para Singapura e uma equipe de cerca de 100 funcionários — muitos deles originalmente baseados na China.

O passado, aliás, não passou despercebido. A empresa nasceu como Butterfly Effect, com presença em Pequim e Wuhan, e só depois migrou o projeto para fora do país, sobretudo porque utilizava modelos americanos indisponíveis no mercado chinês. Isso levantou críticas de parlamentares nos EUA e criou discussões sobre dependência tecnológica e segurança.

Para a Meta, porém, a oportunidade de acelerar sua estratégia em IA sem precisar construir tudo do zero é bem clara. Já para a Manus, “entrar para a Meta” — como disse Xiao — significa ganhar estrutura e escala, sem perder a visão original do produto.



Crédito de imagem: Xataka Brasil

Inicio