Descoberta histórica pode ser início do fim do HIV: cientistas alemães encontram anticorpo capaz de neutralizar quase todas as variantes do vírus

Pesquisadores da Alemanha identificam anticorpo que bloqueia o HIV antes que ele entre nas células, o que representa um marco na história da luta contra o vírus

Frasco de sangue de HUV. Créditos:	Fania Witardiana/GettyImages
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Laura Vieira

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Laura Vieira

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Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

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O HIV é um vírus que amedronta há décadas, desde que os primeiros casos começaram a surgir nos anos 1980. Até o ano passado, 88,4 milhões de pessoas haviam sido diagnosticadas com o vírus, segundo dados do UNAIDS, o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS. Apesar dos avanços no tratamento e na prevenção, o vírus ainda representa um grande desafio da medicina. 

Agora, uma descoberta feita por pesquisadores da University Cologne, na Alemanha, traz esperança na luta contra o HIV. O estudo revelou um anticorpo com potencial de prevenir e até tratar o vírus. Batizado de 04_A06, ele consegue neutralizar quase todas as variantes conhecidas do vírus e impedir sua multiplicação no organismo.

HIV: entenda as causas, a manifestação da doença e o tratamento

O HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) é o agente causador da AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida). Ele ataca as células de defesa do corpo, especialmente os linfócitos T CD4+, enfraquecendo o sistema imunológico do infectado. Como consequência, ele fica mais suscetível a infecções frequentes, como a pneumonia. 

Mas como de fato isso acontece dentro do corpo humano? O vírus entra na célula e reprograma o DNA para produzir cópias de si mesmo, destruindo as células e deixando o organismo fraco. A seguir, veja quais são as causas, como a doença se manifesta e o tratamento, de acordo com as informações do Ministério da Saúde:

  • Causas e transmissão: a transmissão do HIV ocorre principalmente por relações sexuais sem o uso de preservativos, compartilhamento de agulhas e seringas contaminadas, da mãe para o bebê durante a gestação ou parto e em transfusões de sangue não testadas;
  • Tratamento: apesar do HIV não ter cura, o tratamento pode controlar a infecção e proporcionar qualidade de vida aos infectados. Ele consiste no uso contínuo de antirretrovirais, que impedem a multiplicação do vírus, melhoram a imunidade e reduzem a carga viral, o que significa que a pessoa não transmite a doença;

Diferença entre HIV e AIDS: muita gente confunde o HIV e a AIDS, mas é muito simples de entender a diferença entre eles. AIDS é o nome da doença provocada pelo HIV, o vírus causador. 

Pesquisadores alemães descobrem forma de neutralizar o vírus do HIV

 O anticorpo 04_A06 foi descoberto por uma equipe de cientistas, liderada pela University Cologne. Eles conseguiram identificar em testes laboratoriais que esse anticorpo consegue neutralizar 98,5% de mais de 300 cepas diferentes do vírus. Para isso, a equipe analisou amostras de sangue de 32 pessoas infectadas conhecidas como neutralizadores de elite. Diferente de demais infectados, o sistema imunológico dessas pessoas consegue reagir naturalmente ao HIV de forma altamente eficaz. Eles isolaram os anticorpos a partir do sangue dessas pessoas e fizeram testes em camundongos. O resultado? O 04_A06 reduziu a carga viral a ponto de ser indetectável.

Entenda como esse anticorpo age no organismo

Mas como o 04_A06 atua no organismo? Esse anticorpo age diferente dos outros testados, bloqueando exatamente a região onde o HIV se liga às células, impedindo que o vírus penetre nelas e se reproduza. Além disso, o anticorpo possui uma cadeia de aminoácidos incomum e mais longa que o normal, o que permite que ele alcance partes do vírus geralmente inacessíveis a outros anticorpos. Isso explica por que o 04_A06 consegue neutralizar até as variantes resistentes. Modelos computacionais usados pelos cientistas indicaram que uma única aplicação do anticorpo poderia garantir mais de 90% de proteção contra o HIV, o que abre caminho para seu uso tanto no tratamento de pessoas infectadas quanto na prevenção de novos casos.

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