Há 13 anos, a Valve, empresa de Gabe Newell, começou a explorar a ideia de interfaces cérebro-computador que permitissem jogar na sua plataforma Steam sem exigir que o jogador tivesse um controle ou mouse nas mãos. Em 2019, após apresentar na GDC uma aproximação desse projeto, o CEO aproveitou o que aprendeu para fundar outra empresa: a Starfish Neuroscience. Agora, seu primeiro projeto está perto de ser lançado.
Essa inesperada empresa de Gabe Newell aposta no final de 2025 como a data para seu primeiro chip cerebral e confirma estar "interessada em encontrar colaboradores para os quais um chip desse tipo abriria novos e emocionantes caminhos". No entanto, o trabalho da Starfish Neuroscience parece ter ido muito além da ideia de jogar na Steam usando o cérebro como controle — e também parece estar um passo à frente do que Elon Musk faz na Neuralink.
O chip cerebral de Gabe Newell
A Valve afirma que seu chip será menos invasivo e sem bateria, projetado para acessar simultaneamente múltiplas regiões do cérebro. Há três grandes inovações nesse discurso. Para começar, o chip da Starfish não exigiria uma intervenção cirúrgica, minimizando assim os riscos ao carregar um dispositivo capaz de permitir que nos comuniquemos com o computador por meio do pensamento.
Em segundo lugar, afirmam que o chip não precisará de bateria para funcionar porque, na sua leitura das transmissões cerebrais, consumirá apenas 1,1 mW. Exatamente daí vem a necessidade de encontrar um parceiro que os ajude a criar um dispositivo específico para a transmissão de energia de forma sem fio.
STARFISH VS. NEURALINK |
O CHIP DE GABE NEWELL |
O CHIP DE ELON MUSK |
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ESTADO |
Em desenvolvimento: lançamento no final de 2025 |
Em testes com humanos desde 2024 |
APLICAÇÕES MÉDICAS |
Interface cérebro-computador, transtornos neurológicos e psiquiátricos, terapia tumoral |
Interface cérebro-computador, paralisia, comunicação, restauração da visão |
INTERAÇÃO CEREBRAL |
Acesso simultâneo a múltiplas regiões |
Concentrada em uma área específica |
ENERGIA |
Sem bateria, com energia sem fio |
Bateria recarregável |
TAMANHO |
2 x 4 mm |
19 x 2 mm aproximadamente |
IMPLEMENTAÇÃO |
A confirmar (pouco invasiva) |
Requer cirurgia com robô especializado |
Para esclarecer esse ponto: isso pode ser feito e já existem exemplos em uso, como marcapassos, implantes cocleares ou bombas de insulina. Mas a Valve prefere que seja uma empresa especializada a cuidar dessa parte.
Por fim, o chip cerebral de Gabe Newell utiliza o acesso simultâneo a múltiplas regiões cerebrais porque, segundo a Valve, é justamente nesse acesso a uma rede completa que se encontra a chave para alcançar vantagens notáveis no tratamento de transtornos. O sistema de estimulação magnética transcraniana promete uma abordagem diferente para tratamentos da doença de Parkinson, da bipolaridade e da depressão.
Entre os projetos da Starfish, também está a exploração de uma tecnologia que funciona como terapia para tumores que, por meio da hipertermia de precisão, usaria o calor para localizar e eliminar tumores sólidos, mesmo em partes isoladas do corpo, com intervenção mínima.
Sem dúvida, é um salto considerável em relação ao que Gabe Newell nos acostumou com a Steam. A ambição é grande, mas a Valve conseguirá entregar? Valerá a pena acompanhar.
Este texto foi traduzido/adaptado do site 3D Juegos.
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