Coelhos com chifres são avistados nos EUA: não são zumbis, é ciência; tudo por trás do fenômeno que assusta americanos

Chifres parecidos com tentáculos são provocados por um vírus comum na espécie

Coelho infectado com o vírus. Créditos: banco de imagens
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Laura Vieira

Redatora
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Laura Vieira

Redatora

Jornalista recém-formada, com experiência no Tribunal de Justiça, Alerj, jornal O Dia e como redatora em sites sobre pets e gastronomia. Gosta de ler, assistir filmes e séries e já passou boas horas construindo casas no The Sims.

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Ao avistar coelhos com tentáculos na cabeça, você pode até pensar que está dentro de uma cena apavorante da série The Last of Us, já que, aparentemente, eles são bem semelhantes aos infectados da trama. Mas acredite se quiser: esses coelhos existem na vida real e não são fruto da sua imaginação. Na semana passada, vários deles foram vistos na cidade de Fort Collins, no Colorado, Estados Unidos, deixando os moradores apavorados. No entanto, apesar de assustadores,  não se trata de mutação ou de algo sobrenatural: esses coelhos estão apenas infectados com um vírus relativamente comum na espécie, o papilomavírus de Shope.  A seguir, entenda melhor como esse vírus se manifesta na espécie e se ele é motivo de preocupação ou não.

Entenda o que é o papilomavírus de Shope

No início do mês, o Departamento de Parques e Vida Selvagem do Colorado, nos Estados Unidos, recebeu mais de doze chamados sobre coelhos com aparência estranha na região. Nas redes sociais, centenas de usuários descreveram esses coelhos como animais “demoníacos”, semelhantes ao Frankenstein, um personagem fictício de aparência monstruosa. No entanto, apesar do susto da população, esses animais só estavam contaminados com o papilomavírus de Shope, também conhecido com papilomavírus do coelho-de-rabo-de-algodão, um vírus que infecta coelhos e lebres, causando lesões cancerígenas assustadoras no corpo do animal, bem semelhantes a chifres escuros. Apesar de ter provocado alvoroço no estado, vale dizer que esse vírus não é novo: ele foi documentado pela primeira vez em 1930 e já inspirou folclores antigos, como o mito do jackalope,  um coelho com chifres que se tornou personagem de histórias populares nos Estados Unidos.

Vírus causa lesões assustadoras nos coelhos

Imagem do coelho com o vírus. Créditos: banco de imagem A transmissão do vírus ocorre através da picada de mosquitos, pulgas e carrapatos.

Visualmente, os coelhos infectados com o papilomavírus de Shope podem parecer aterrorizantes, com lesões verrucosas escuras espalhadas pelo corpo, especialmente em regiões como pescoço, ombros, orelhas e pálpebras, além de lesões semelhantes a pequenas verrugas, feitos de queratina. No entanto, essas lesões também podem evoluir e aparecer como forma de tumor, firmes, brancos e úmidos em algumas regiões do corpo do animal, como nas patas traseiras, causando bastante dor e dificuldade de locomoção. A transmissão acontece por meio da picada de insetos como mosquitos, pulgas e carrapatos, o que explica por que os surtos são mais comuns durante o verão, quando esses parasitas se multiplicam.

Coelhos infectados com o vírus podem ser tratados

De acordo com uma pesquisa publicada no ScienceDirect, o papilomavírus pode ser tratado de uma forma bem mais simples do que você imagina: sozinha.  Na maioria dos casos, o próprio organismo do animal consegue combater o vírus, e as lesões desaparecem sozinhas com o tempo.

No entanto, quando as massas tumorais crescem em regiões sensíveis, como boca e olhos, os coelhos podem ter dificuldade para se alimentar ou enxergar, o que leva a complicações graves e até à morte. Além disso, em coelhos domésticos, há risco de os tumores evoluírem para câncer agressivo, tornando a doença fatal. Por isso, especialistas recomendam que, caso um coelho de estimação apresente sinais semelhantes, o tutor deve procurar orientação veterinária o quanto antes.

O vírus representa uma ameaça aos humanos?

Apesar da aparência perturbadora dos coelhos infectados, o vírus não passa para seres humanos. Ainda assim, ele tem grande importância científica: ao longo das últimas décadas, o papilomavírus de Shope foi usado como modelo de estudo para ajudar pesquisadores a compreenderem o HPV, vírus que afeta seres humanos, podendo causar verrugas genitais e até alguns tipos de câncer.

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