China e Rússia têm um plano extremamente ambicioso: em 2028, construirão uma usina nuclear na Lua

  • A estratégia deles passa por ter pronta, em 2035, a Estação Internacional de Pesquisa Lunar.

  • A China planeja lançar em 2028 a missão Chang’e-8 com o objetivo de começar a preparação da base lunar.

China quer ir para a Lua em 2028. Imagem: China National Space Administration
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Sofia Bedeschi

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Jornalista com mais de 5 anos de experiência, gamer desde os 6 e criadora de comunidades desde os tempos do fã-clube da Beyoncé. Hoje, lidero uma rede gigante de mulheres apaixonadas por e-Sports. Amo escrever, pesquisar, criar narrativas que fazem sentido e perguntar “por quê?” até achar uma resposta boa (ou abrir mais perguntas ainda).

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Yuri Ivánovich Borísov, ex-vice-ministro da Defesa da Rússia e atualmente à frente da Roscosmos, a agência espacial russa, confirmou em março de 2024 que a China e o país liderado por Vladimir Putin planejam instalar um reator nuclear na superfície da Lua. A longa experiência da Rússia no desenvolvimento de infraestrutura nuclear é inquestionável. E a China, embora tenha chegado mais tarde a essa indústria, possui a capacidade científica e os recursos necessários para se sair bem.

O plano dos dois países é ter pronta, em 2035, a Estação Internacional de Pesquisa Lunar (conhecida como ILRS, na sigla em inglês). Rússia e China irão operar a estação de forma conjunta, mas para que essa instalação realmente se concretize, é essencial desenvolver uma fonte de energia que garanta um fornecimento estável e contínuo ao longo do tempo.

É justamente essa necessidade que as duas nações pretendem resolver construindo uma pequena usina nuclear na superfície da Lua.

O pontapé inicial será dado em 2028

Pei Zhaoyu, engenheiro-chefe da missão Chang’e-8, confirmou nesta semana a importância da participação da Rússia no projeto:

"Uma questão importante para a ILRS é o fornecimento de energia. Nesse campo, a Rússia tem uma vantagem natural, já que, no que diz respeito a instalações nucleares — e especialmente no envio delas ao espaço —, lidera o mundo, à frente até mesmo dos EUA".

A missão Chang’e-8 marcará o verdadeiro pontapé inicial desse ambicioso programa.

A China pretende lançar a missão em 2028 com um duplo objetivo: iniciar a preparação da base lunar que será habitada de forma permanente a partir de 2030 e explorar a construção do reator nuclear que será responsável pelo fornecimento principal de energia para a estação. Como vimos algumas linhas acima, ambas as instalações devem estar concluídas até 2035.

Iniciar a preparação da base lunar que será habitada de forma permanente a partir de 2030

Curiosamente, o governo chinês ainda não oficializou a aprovação desse plano, mas as declarações de Pei Zhaoyu confirmam que a colaboração entre Rússia e China já está em andamento.

De qualquer forma, os cientistas nucleares do país liderado por Xi Jinping já têm pronto um projeto preliminar para o seu reator nuclear. E ele traz algumas características inovadoras. Para desenvolvê-lo, eles se inspiraram tanto no design da NASA quanto no antigo reator nuclear soviético TOPAZ-II.

A proposta utilizará barras de combustível de dióxido de urânio em formato de anel; um sistema de resfriamento duplo que empregará metal líquido (NaK-78) e que, em teoria, será capaz de manter o núcleo do reator abaixo dos 600 ºC; além de um moderador de nêutrons feito de hidreto de ítrio, que, segundo os técnicos chineses, é mais eficiente do que os moderadores convencionais de hidreto de zircônio.

Enquanto isso, os Estados Unidos estão preparando seu retorno à Lua através do programa Artemis da NASA. O objetivo é colocar novamente dois astronautas na superfície lunar em 2027 e, a partir desse marco, iniciar a construção de uma base lunar sustentável.

Essa instalação contará com grandes painéis solares, mas a energia fotovoltaica não é suficiente para garantir o fornecimento contínuo, já que na Lua a noite pode durar entre quatorze e quinze dias terrestres.

Por isso, os EUA também estão desenvolvendo um reator nuclear conhecido como Fission Surface Power (FSP), que será capaz de gerar 40 kW de potência.

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