Bill Gates acredita que os pais de 2025 realmente deveriam repensar a forma como estão criando seus filhos

Bill Gates está preocupado com os adolescentes nos celulares. Imagem: Forbes
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Bill Gates está preocupado com a educação das crianças em 2025. Para ele, nossos pequenos estão presos entre o excesso de liberdade no mundo online e o excesso de restrições na vida real…

No blog Gates Notes, Bill Gates compartilha suas reflexões sobre como a tecnologia transformou a infância. Com base no livro The Anxious Generation, de Jonathan Haidt (referência em psicologia social), o fundador da Microsoft — e ex-homem mais rico do mundo — apresenta um diagnóstico amplamente aceito: a geração atual de adolescentes passou por uma “grande reconfiguração” a partir do início dos anos 2010, com a presença dominante dos smartphones e das redes sociais. Isso define essa geração acima de tudo. Agora, a pergunta que fica é: que efeitos essa criação guiada pela internet pode gerar na prática?

Haidt destaca um paradoxo que marca a educação moderna: submonitoramento no mundo digital e superproteção no mundo físico. De um lado, pais que deixam os filhos livres nas telas, acessando conteúdos e interações que impactam seu desenvolvimento. A socialização acontece em grande parte online, sites adultos moldam o imaginário, etc.

Do outro lado, o mundo físico virou um espaço hiperprotegido: menos liberdade, menos exploração e vigilância constante. Acabou o tempo em que os pais não sabiam onde os filhos estavam ou que horas voltariam pra casa.

O resultado?

Jovens com dificuldade de lidar com desafios cotidianos, viciados em interações virtuais e sem experiências concretas com o mundo real.

Os números falam por si

Adolescentes passam, em média, de seis a oito horas por dia em frente às telas (fora as atividades escolares), e um terço deles afirma estar online “quase o tempo todo”. Esse estilo de vida trouxe impactos profundos na saúde mental e física:

  • Aumento nos casos de ansiedade, depressão e distúrbios alimentares.
  • Crescimento de comportamentos agressivos e queda na autoestima.
  • Menos horas de sono, menos leitura e menos interações sociais presenciais.
  • Redução das atividades ao ar livre e da autonomia.

Tudo isso preocupa especialmente Bill Gates quando se fala em concentração e pensamento crítico. A atenção, segundo ele, é como um músculo: quando exposta a interrupções constantes, perde força. O crescimento dos transtornos de atenção entre adolescentes não é só uma “modinha do TikTok” — há mudanças reais acontecendo no cérebro deles.

Outro ponto importante: meninas e meninos não são afetados da mesma forma. As meninas apresentam um aumento preocupante nos transtornos psicológicos. Já os meninos têm queda no desempenho escolar e na entrada em universidades. As causas são variadas: menos interações reais, falta de experiências com riscos e dificuldade de desenvolver habilidades sociais essenciais. A socialização por gênero continua existindo no digital, e qualquer sociólogo reconhece que isso gera reações diferentes.

Como restabelecer o equilíbrio?

Haidt e Gates sugerem soluções que exigem o envolvimento conjunto de pais, escolas, empresas de tecnologia e políticas públicas. Veja algumas delas — lembrando que, sozinhas, têm pouco efeito. É preciso um esforço conjunto, coordenado e amplo:

  • Controlar melhor o acesso às redes sociais com verificação rigorosa de idade.
  • Adiar o uso de celulares até idades mais avançadas.
  • Criar espaços livres de celulares nas escolas.
  • Incentivar brincadeiras ao ar livre e interações presenciais.

Como destaca Gates, reequilibrar essa balança não pode ser responsabilidade apenas das famílias. É uma decisão coletiva que exige vontade política e ação da sociedade como um todo.

Bill Gates finaliza seu texto recomendando fortemente a leitura de The Anxious Generation para todos que atuam com jovens. Para ele, o livro é tanto um alerta quanto um guia para entender os efeitos da tecnologia sobre as crianças — e agir antes que seja tarde demais.

Os pais de 2025 precisam encarar uma pergunta delicada: onde colocar os limites e a liberdade, tanto no mundo real quanto no digital? Qual é o ponto de equilíbrio que realmente permite que as crianças se desenvolvam plenamente? É preciso experimentar, ouvir especialistas e manter a atenção constante.

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