Anos atrás, detectamos um sinal estranho no centro da galáxia; e agora temos uma teoria: um novo tipo de matéria escura

Detecção de hidrogênio com carga positiva pode ser explicada pela matéria escura, mas com algumas nuances

Imagem | Nick Risinger
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PH Mota

Redator

Jornalista há 15 anos, teve uma infância analógica cada vez mais conquistada pelos charmes das novas tecnologias. Do videocassete ao streaming, do Windows 3.1 aos celulares cada vez menores.

A matéria escura é uma das grandes incógnitas que assombram a comunidade científica. Bem, agora esse mistério pode ser duplicado. Um grupo de pesquisadores afirma ter encontrado sinais de um segundo tipo de matéria escura.

Matéria Escura 2.0

Um grupo de pesquisadores postulou uma hipótese única para explicar um fenômeno químico observado na região central da nossa galáxia. Sua proposta implica a existência de um novo tipo de matéria escura.

Hidrogênio "carregado"

O foco do mistério está nas nuvens de hidrogênio localizadas perto do centro da nossa galáxia. O que torna essas nuvens um enigma é o fato de serem carregadas positivamente, ou seja, os átomos de hidrogênio nelas perderam seus elétrons.

O problema é que não sabemos o que causou a ionização dessas nuvens, qual evento suficientemente energético poderia ter arrancado os elétrons de seus átomos. Segundo os responsáveis ​​pelo estudo, as "assinaturas energéticas" que nos chegam dessa região da galáxia sugerem a existência de "uma fonte de energia constante e turbulenta". A explicação para esse fenômeno proposta pela equipe está relacionada à matéria escura, mas ela tem uma nuance importante.

WIMP

A matéria escura é um elemento-chave dos modelos cosmológicos que tentam explicar algumas anomalias detectadas no movimento de grandes corpos espaciais, como as galáxias.

A matéria escura representaria cerca de 85% de toda a matéria do universo e só interagiria com o restante da matéria por meio da gravidade; portanto, ainda não conseguimos detectá-la de nenhuma outra forma que não seja por meio de movimentos gravitacionais.

Uma das hipóteses que tentam explicar esse fenômeno concentra-se nas chamadas Partículas Massivas de Interação Fraca (WIMPs do inglês, Weakly Interacting Massive Particles). O novo estudo aponta que elas não seriam responsáveis ​​pelo que acontece no centro da galáxia.

Uma questão de massa

A equipe postula que as partículas responsáveis ​​pela ionização das nuvens de hidrogênio são, na verdade, um novo tipo de matéria escura, caracterizada por ter uma massa muito menor que as WIMPs.

A nova hipótese postula que essas "pequenas partículas" colidiriam entre si, produzindo partículas carregadas nessas colisões, um processo físico chamado de "aniquilação". Por sua vez, seriam essas partículas carregadas que estariam ionizando as nuvens de gás.

Detalhes do estudo foram publicados em um artigo na revista Physical Review Letters.

Hipóteses alternativas

Como a equipe aponta, até agora os principais suspeitos desse fenômeno eram os raios cósmicos. A equipe argumenta que a nova teoria explica o fenômeno com mais precisão.

De acordo com as observações, a "assinatura energética" dos fenômenos observados nessa região não parece ser intensa o suficiente para ser atribuída ao fenômeno dos raios cósmicos. Isso implica que a causa dessa "aniquilação" deve ser "mais lenta que um raio cósmico e menos massiva que uma WIMP".

Imagem | Nick Risinger

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