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Protagonismo de Elon Musk no governo dos EUA já é coisa do passado; a queda nas vendas da Tesla não...

  • As vendas da Tesla na Europa caíram quase pela metade.

  • Na Alemanha, o maior mercado de carros elétricos, as vendas caíram 60% em relação ao ano passado.

As vendas da Tesla na Europa caíram quase pela metade. Imagem: Xataka
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Sofia Bedeschi

Redatora

Jornalista com mais de 5 anos de experiência no ramo digital. Entusiasta pela cultura pop, games e claro: tecnologia, principalmente com novas experiências incluídas na rotina. 

Começamos a receber os dados de vendas nos países europeus. Os números da ACEA devem ser divulgados na última semana de maio, mas, aos poucos, já estamos conhecendo os resultados nos principais mercados europeus. E, mais uma vez, os dados para a Tesla são preocupantes.

Era previsível. A cada novo trimestre, a Tesla registra uma queda nas vendas. A empresa segue há tempos uma estratégia de emplacamentos que concentra a maioria das entregas em março, junho, setembro e dezembro. Como resultado, janeiro, abril, julho e outubro, quando os trimestres começam, acabam sofrendo com uma espécie de "ressaca" nas vendas.

Agora, três meses depois, o Tesla Model 3 perdeu novamente a primeira posição. Em março, o modelo havia recuperado terreno (e ainda é o carro mais vendido no acumulado do ano), mas o Renault 5 e o Kia EV3 voltaram a ultrapassá-lo.

Atualmente, a Tesla registra uma queda de mais de 16% nas vendas no país.

No caso do Tesla Model 3, o impacto é um pouco menor, com uma queda de 9% em relação ao acumulado de janeiro a abril de 2024 – um número menos dramático, especialmente se considerarmos que o Tesla Model Y, que era seu modelo mais vendido, caiu 25,46% no mesmo período. O SUV elétrico agora vende quase metade do volume do Model 3, que já está em queda.

Ainda pior

Os dados são ainda mais preocupantes fora da Espanha. Embora o país tenha um mercado de elétricos relativamente pequeno, o que pode amplificar as oscilações nos números, a queda da Tesla nos principais mercados europeus é especialmente notável.

Em abril de 2025, as quedas registradas, segundo dados da Bloomberg, foram as seguintes:

  • Suécia: -80,7%
  • Países Baixos: -73,8%
  • Portugal: -33%
  • França: -59,4%
  • Alemanha: -46%
  • Reino Unido: -62%

Em abril, a empresa só apresentou crescimento na Noruega e na Itália. No acumulado do ano, a Tesla caiu 60% na Alemanha, mais de 50% nos Países Baixos, Suécia e Dinamarca. O único motivo pelo qual a queda no Reino Unido é menos acentuada é a possível realocação de veículos de outros mercados com volante à direita para as ilhas.

No pior momento

Até agora, estávamos falando sobre a "ressaca" do Tesla Model Y Juniper. A atualização do SUV elétrico certamente desacelerou as vendas do modelo atual. Isso aconteceu porque a produção foi reduzida, havia um estoque do modelo anterior que precisou ser escoado e muitos clientes preferiram esperar pela versão atualizada para comprar as opções mais acessíveis (que, inicialmente, estavam disponíveis apenas na versão mais cara).

O problema é que, após um ano em que os carros elétricos começaram a mostrar sinais de desgaste, a Europa voltou a acelerar nessa tecnologia. Ainda não temos dados oficiais de todo o continente, mas é evidente que o número de carros elétricos vendidos até agora é superior ao de 2024.

A participação de mercado dos veículos elétricos subiu de 12% para 15,1% no continente, com 412.997 unidades emplacadas no primeiro trimestre, em comparação com 333.428 no mesmo período do ano passado. Isso representa um crescimento de 23,9%.

A concorrência está apertando

Isso significa que os concorrentes estão começando a tirar espaço da Tesla no mercado de veículos elétricos na Europa. Segundo dados do primeiro trimestre de 2024, a participação de mercado da Tesla na Europa caiu de 2,4% para 1,3%, uma redução de 45%.

A Volkswagen se consolidou como a líder em vendas de carros elétricos. Apesar de muitos desafios com o Volkswagen ID.3, que não teve o desempenho esperado, e problemas recorrentes com o software, modelos como o ID.7 permitiram à montadora vender 65.679 unidades até agora, enquanto a Tesla ficou com 53.237 veículos elétricos vendidos. O segredo da Volkswagen tem sido a venda para frotas, especialmente de grandes sedãs elétricos.

Além disso, é preciso considerar as vendas de suas outras marcas, como Skoda, Cupra e Audi, que fortalecem ainda mais a posição do grupo. Ao mesmo tempo, o Kia EV3 entrou com força no mercado e o Renault 5 está se destacando como um grande sucesso de vendas neste início de ano, especialmente na França.

Um desafio temporário?

Como mencionamos, ainda não está claro se a Tesla está apenas passando por uma fase difícil ou se esses sinais indicam problemas mais profundos na capacidade da empresa de vender seus carros. A chegada do Tesla Model Y Juniper deveria aliviar essas preocupações, mas as dúvidas começam a surgir.

Embora em nossos testes tenhamos destacado que o SUV elétrico da Tesla ainda é um produto superior à concorrência, a realidade é que cada vez mais surgem alternativas na faixa dos 30 mil euros – um segmento em que a Tesla praticamente não atua. Parece urgente para a empresa lançar um carro elétrico mais acessível para enfrentar essa nova concorrência.

Começa a ser urgente

Diante dos últimos números apresentados, está claro que a Tesla precisa urgentemente retomar o crescimento. Nos últimos meses, a empresa apostou que começaria a gerar receita significativa com seus sistemas de condução autônoma, seja com robotáxis ou com vendas para terceiros – uma aposta que ainda não deu os resultados esperados.

Ao mesmo tempo, os números de vendas estão abaixo do esperado. Pela primeira vez, em 2024, a Tesla não vendeu mais carros do que no ano anterior. Isso começa a preocupar para 2025, justamente quando a concorrência na Europa precisa vender mais veículos elétricos para se manter competitiva.

Além disso, a Tesla ainda não lançou um modelo de R$158 mil nem versões mais acessíveis dos atuais Model 3 ou Model Y.

As perspectivas, sem dúvida, não são das melhores.

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